O barulho em torno da declaração da secretária-assistente de Estado Nuland, dos EUA, para a qual "Foda-se a União Europeia", está, de certo modo, ajudando a mascarar a questão real.
Um telefonema feito por linha não encriptada, entre Nuland e o embaixador dos EUA em Kiev foi, ao que parece, gravado pelos serviços de segurança da Ucrânia. Enquanto o Departamento de Estado tentava (como já é rotina nesses dias) culpar os russos, o tuíto de um funcionário russo lembrava que a gravação só apareceu mais de 24 horas depois de outra fonte ter distribuído, pelo Twitter, o link correspondente. O funcionário russo, portanto, não era a fonte original.
O telefonema gravado revela várias questões:
1. Os EUA estão, inegavelmente, tentando derrubar um governo democraticamente eleito e o presidente da Ucrânia; e querem pôr lá, no governo, um dos fantoches da 'oposição', como preposto dos norte-americanos. A própria Nuland diz (vídeo, em 7'26[1]) que os EUA, desde os anos 1990s, "investiram" mais de $5 bilhões para a tal "democratização" da Ucrânia. É altamente provável que os EUA, como o governo ucraniano tem dito, esteja pagando muitos dos 'manifestantes' em Kiev.
2. Alguns países da União Europeia (Alemanha, Polônia e países do Báltico) também querem derrubar o governo da Ucrânia; esses (especialmente Merkel) também querem um fantoche, lá, como o boxeador Klitschko, no posto de manda-chuva. Mas os demais países da União Europeia não querem ter de pagar para comprar um novo governo para a Ucrânia, em troca de saquear país já muito pobre; esses países da União Europeia que também querem um golpe têm pouco a oferecer; e não têm meios para ameaçar a Ucrânia com sanções nem com qualquer outro tipo de chantagem.
O "Foda-se a União Europeia" é coisa, só de diferença de estilo. Os EUA querem, primeiro, impor sanções contra governo legal e contra o povo ucraniano, para, depois, instalar lá um fantoche dos EUA; e os países da União Europeia querem fantoche diferente; e querem golpe menos barulhento e escandaloso.
O barulhão no proscênio também está ajudando a esconder outra questão importante que se desenrola nas coxias. Os protestos na Ucrânia estão sendo liderados por movimentos e grupos de extrema direita,[2] que não se deterão ante nenhum tipo de brutalidade e podem levar até à guerra civil:
"A organização física dos protestos, a construção de barricadas em torno das praças, grande parte do acampamento já construído e o policiamento, e as furiosas batalhas contra a polícia são, quase integralmente, ação da extrema direita. Em algumas cidades menores do interior da Ucrânia, os 'protestos' locais e a tomada de prédios públicos parecem ser trabalho, exclusivamente, do Pravy Sektor.
...
Aqui em Kiev, alguns membros do exército de mascarados com capacetes dizem que apoiam o principal partido de direita dos nacionalistas ucranianos, o Partido Svoboda (Liberdade), que recebeu apenas 10% dos votos nas eleições parlamentares de 2012, e cujo líder Oleh Tyahnybok, é conhecido por insultar judeus.
Mas o pessoal que forma os grupos maiores e mais agressivos, que em geral recusam-se a falar com jornalistas, são membros do Pravy Sektor, grupo guarda-chuva no qual se reúnem fascistas, nacionalistas, torcidas organizadas de times de futebol e gangues de extremistas de direita - alguns com história de militância em grupos neonazistas -, considerado em geral como à direita do Partido Svoboda e que opera como gangue extremamente fechada, cheia de segredos. Até agora, o Pravy Sektor ainda não se apresentou como partido político.
Quer dizer, então, que os EUA e a União Europeia parecem acreditar que conseguirão mante sob controle essas forças? Ou as estão pagando? Mas... Exatamente como os terroristas na Síria, os fascistas na Ucrânia logo estarão mandando no jogo, tão logo a pressão pelos EUA e a União Europeia contra o governo legal dê àqueles grupos fascistas qualquer pequena chance de assaltar diretamente o poder. Eles já ameaçaram, até, com iniciar uma guerra civil.
Encurralando o presidente eleito da Ucrânia e empurrando-o na direção de renunciar, os EUA e a União Europeia estão visivelmente - por razões que só interessam a EUA e União Europeia - criando o perigo de lançar a Ucrânia numa guerra interna que EUA e União Europeia não conseguirão controlar.
O barulho que a imprensa-empresa está fazendo sobre o "Foda-se a União Europeia" está ajudando a encobrir esses outros aspectos desses planos enlouquecidos. ****
8/2/2014, Moon of Alabama, http://www.moonofalabama.org/
Um telefonema feito por linha não encriptada, entre Nuland e o embaixador dos EUA em Kiev foi, ao que parece, gravado pelos serviços de segurança da Ucrânia. Enquanto o Departamento de Estado tentava (como já é rotina nesses dias) culpar os russos, o tuíto de um funcionário russo lembrava que a gravação só apareceu mais de 24 horas depois de outra fonte ter distribuído, pelo Twitter, o link correspondente. O funcionário russo, portanto, não era a fonte original.
O telefonema gravado revela várias questões:
1. Os EUA estão, inegavelmente, tentando derrubar um governo democraticamente eleito e o presidente da Ucrânia; e querem pôr lá, no governo, um dos fantoches da 'oposição', como preposto dos norte-americanos. A própria Nuland diz (vídeo, em 7'26[1]) que os EUA, desde os anos 1990s, "investiram" mais de $5 bilhões para a tal "democratização" da Ucrânia. É altamente provável que os EUA, como o governo ucraniano tem dito, esteja pagando muitos dos 'manifestantes' em Kiev.
2. Alguns países da União Europeia (Alemanha, Polônia e países do Báltico) também querem derrubar o governo da Ucrânia; esses (especialmente Merkel) também querem um fantoche, lá, como o boxeador Klitschko, no posto de manda-chuva. Mas os demais países da União Europeia não querem ter de pagar para comprar um novo governo para a Ucrânia, em troca de saquear país já muito pobre; esses países da União Europeia que também querem um golpe têm pouco a oferecer; e não têm meios para ameaçar a Ucrânia com sanções nem com qualquer outro tipo de chantagem.
O "Foda-se a União Europeia" é coisa, só de diferença de estilo. Os EUA querem, primeiro, impor sanções contra governo legal e contra o povo ucraniano, para, depois, instalar lá um fantoche dos EUA; e os países da União Europeia querem fantoche diferente; e querem golpe menos barulhento e escandaloso.
O barulhão no proscênio também está ajudando a esconder outra questão importante que se desenrola nas coxias. Os protestos na Ucrânia estão sendo liderados por movimentos e grupos de extrema direita,[2] que não se deterão ante nenhum tipo de brutalidade e podem levar até à guerra civil:
"A organização física dos protestos, a construção de barricadas em torno das praças, grande parte do acampamento já construído e o policiamento, e as furiosas batalhas contra a polícia são, quase integralmente, ação da extrema direita. Em algumas cidades menores do interior da Ucrânia, os 'protestos' locais e a tomada de prédios públicos parecem ser trabalho, exclusivamente, do Pravy Sektor.
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Aqui em Kiev, alguns membros do exército de mascarados com capacetes dizem que apoiam o principal partido de direita dos nacionalistas ucranianos, o Partido Svoboda (Liberdade), que recebeu apenas 10% dos votos nas eleições parlamentares de 2012, e cujo líder Oleh Tyahnybok, é conhecido por insultar judeus.
Mas o pessoal que forma os grupos maiores e mais agressivos, que em geral recusam-se a falar com jornalistas, são membros do Pravy Sektor, grupo guarda-chuva no qual se reúnem fascistas, nacionalistas, torcidas organizadas de times de futebol e gangues de extremistas de direita - alguns com história de militância em grupos neonazistas -, considerado em geral como à direita do Partido Svoboda e que opera como gangue extremamente fechada, cheia de segredos. Até agora, o Pravy Sektor ainda não se apresentou como partido político.
Quer dizer, então, que os EUA e a União Europeia parecem acreditar que conseguirão mante sob controle essas forças? Ou as estão pagando? Mas... Exatamente como os terroristas na Síria, os fascistas na Ucrânia logo estarão mandando no jogo, tão logo a pressão pelos EUA e a União Europeia contra o governo legal dê àqueles grupos fascistas qualquer pequena chance de assaltar diretamente o poder. Eles já ameaçaram, até, com iniciar uma guerra civil.
Encurralando o presidente eleito da Ucrânia e empurrando-o na direção de renunciar, os EUA e a União Europeia estão visivelmente - por razões que só interessam a EUA e União Europeia - criando o perigo de lançar a Ucrânia numa guerra interna que EUA e União Europeia não conseguirão controlar.
O barulho que a imprensa-empresa está fazendo sobre o "Foda-se a União Europeia" está ajudando a encobrir esses outros aspectos desses planos enlouquecidos. ****
8/2/2014, Moon of Alabama, http://www.moonofalabama.org/