Reação da Rússia à exclusão do país do sistema Swift tem sido acelerar o distanciamento do dólar nas suas transações.

 


Rupias e rublos serão as moedas utilizadas no comércio entre os dois países a partir de agora

A Rússia e a Índia concluíram esta semana a criação de um sistema internacional de pagamentos para atender o comércio bilateral e garantir uma alternativa à Sociedade de Telecomunicações Financeiras Mundial (Swift), que ficou indisponível para Moscou pelas sanções capitaneadas pelos Estados Unidos – e acompanhadas pela vassalagem da União Europeia.

De forma completamente inovadora e sem a camisa de força do Swift, o novo sistema será consolidado nas sedes do Reserve Bank of India (RBI) e do banco estatal russo (VEB), devendo ser aperfeiçoado para garantir o fluxo tranquilo das operações em rupias e rublos.

O novo mecanismo prevê que os negócios sejam liquidados por meio da conta de dívida em rúpias, que o VEB manterá no RBI. Se uma empresa importadora russa receber uma remessa de um exportador indiano, o VEB receberá do importador local os rublos ou dólares equivalentes ao valor do negócio. Em seguida, informará o RBI para debitar a mesma quantia de rupias e creditá-la no banco indiano do exportador. Para as commodities importadas pela Índia a transação seguirá caminho igual, só que inverso.

“Documentos e pagamentos podem ser trocados por meio deste ‘software’, que se apresenta como uma alternativa global ao Swift”, ressaltou um executivo.

Ao longo do ano passado, a Índia exportou US$ 3,3 bilhões em mercadorias para a Rússia, com ênfase em produtos farmacêuticos, chá e café, tendo comprado US$ 6,9 bilhões em bens russos, incluindo armas, recursos minerais, fertilizantes, metais, diamantes e outras pedras preciosas. Recentemente, a principal refinaria do país, a Indian Oil, aumentou as compras de petróleo russo. Da mesma forma, é expressiva e em rápida ascensão a compra de carvão e óleo de girassol.

Autoridades indianas também declararam à Reuters que seu país estava considerando aceitar uma oferta de Moscou para comprar petróleo russo e outras matérias-primas “com grande desconto”, contornando o dólar americano por meio do mecanismo que permite usar apenas rúpias e rublos.

Os exportadores indianos são unânimes em afirmar que que a economia indiana se beneficiará das sanções impostas à Rússia, uma vez que dão aos exportadores indianos a oportunidade de expandir-se.

Desta forma, assegurou o embaixador russo em Nova Deli, Denis Alipov, as empresas farmacêuticas indianas podem substituir os fabricantes ocidentais que se retiraram da Rússia.

A Índia está no mercado russo há algum tempo e participa do programa estatal Farma, dedicado ao desenvolvimento da indústria farmacêutica e médica. “Existem joint ventures para fabricação de medicamentos na Rússia e acho que haverá mais oportunidades nesse nicho”, frisou o embaixador.

Conforme a Federação Indiana de Organizações Exportadoras (FIEO), as exportações da Índia para a Rússia ainda não são tão fortes, mas “agora haverá várias oportunidades para as empresas indianas entrarem no país”.

MILHÕES DE BARRIS DE PETRÓLEO

Desde o começo do ano, a Índia já importou 13 milhões de barris de petróleo da Rússia, que está oferecendo o produto com desconto em relação ao preço internacional, que subiu com as sanções. Durante todo o ano de 2021, a importação tinha sido de 16 milhões de barris.

O ministro do Aço da Índia, Ramchandra Prasad Singh, afirmou que neste momento o país está se “movendo na direção de importar carvão metalúrgico da Rússia”. Singh informou que foi confirmada a importação de 4,5 milhões de toneladas de carvão, mas sem indicar o período referente a isso. Navios carregando mais de um milhão de toneladas devem ter chegado aos portos indianos ainda em março. É a maior quantidade importada desde janeiro de 2020.

Na ONU, a Índia, assim como a China, não está seguindo a posição dos Estados Unidos de condenar a Rússia pelo conflito na Ucrânia.

Com informações da Hora do Povo