LULA ARREMETE CONTRA O DÓLAR: "Por que não podemos negociar com nossas próprias moedas? "

 

Pedro Hernandez partilhou uma publicação.

13 h  · 

   

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, atacou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras instituições financeiras tradicionais por impor suas regras aos países em desenvolvimento, bem como criticou o uso generalizado do dólar, que, em seu entender, ameaça o futuro da humanidade, e instou a criação de uma moeda única do bloco BRICS.

"Por que todos os países precisam fazer o seu comércio apoiado pelo dólar? Por que não podemos negociar com nossas próprias moedas? Quem decidiu que era o dólar? ", questionou Lula nesta quinta-feira durante a cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) do BRICS, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

"Precisamos de uma moeda que transforme os países em uma situação mais pacífica, porque atualmente é preciso correr atrás do dólar para exportar", defendeu o líder. Além disso, salientou que o NBD é uma alternativa ao FMI, pois, ao contrário deste último, não impõe condições nem outras exigências para emprestar dinheiro.

FMI e Argentina

"Não cabe a um banco sufocar a economia de uma nação como o FMI está fazendo agora com a Argentina, como fez com o Brasil por tanto tempo e como fez com os países do terceiro mundo", disse o presidente brasileiro.

"Nenhum governante pode trabalhar com uma faca na garganta porque tem dívidas", acrescentou.

"Quando o Fundo Monetário Internacional ou qualquer outra instituição empresta a um país do terceiro mundo, as pessoas se sentem no direito de comandar, de administrar as contas dessas nações, como se fossem seus reféns", continuou Lula. Neste sentido, instou a nova presidente do NBD a "emprestar dinheiro para ajudar os países em desenvolvimento e não sufocá-los", pois muitos já "acumulam dívidas impagáveis" com as agências internacionais tradicionais.

O banco BRICS "representa muito para quem sonha com um mundo novo", escreveu posteriormente em um twitter. "Não é justo que terminemos o século XXI como começamos o século XX, com os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres", valorizou Lula.

"Cadeias de condicionalidades"

"É intolerável que, num planeta que produz alimentos suficientes para satisfazer as necessidades da humanidade, milhões de homens, mulheres e crianças não tenham o que comer. É inaceitável que a ganância de uma pequena minoria coloque em risco a sobrevivência da humanidade", censurou.

Lula salientou que o Novo Banco de Desenvolvimento reúne todas as condições para se tornar um grande banco do Sul Global, que rejeita as "cadeias de condicionalidades" do Ocidente e que está disposto a financiar diversos projetos das economias emergentes em moeda nacional.

Além disso, o NBD já tem quatro novos membros: Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai, e que várias nações mais "estão em processo de aderir".