Europa se dá conta de que gás da Rússia é insubstituível
As tensões com a Ucrânia e a ameaça de um conflito que interrompa os fluxos de energia para a Europa vêm causando volatilidade no mercado de gás da Europa nas últimas semanas
Por Anna Shiryaevskaya e Isis Almeida, da Bloomberg
Países com abundantes recursos naturais de energia, do Catar ao Azerbaijão, se comprometeram a fornecer gás em condições de emergência para a Europa, mas o continente está se dando conta de que não dá para substituir a Rússia, principal fornecedora do combustível.
As tensões com a Ucrânia e a ameaça de um conflito que interrompa os fluxos de energia para a Europa vêm causando volatilidade no mercado de gás da Europa nas últimas semanas. Uma guerra poderia afetar o gigantesco volume que a Rússia envia para o continente, sendo que um terço passa pela Ucrânia.
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Para mitigar o risco de interrupção no abastecimento, a União Europeia vem conversando com grandes produtores, buscando parcerias e até potenciais trocas de combustível com a Ásia, onde esse mercado é duas vezes maior. Cargas recentes de gás natural liquefeito aliviam a situação, assim como o inverno ameno, mas a Europa depende da Rússia para obter mais de um terço do gás que utiliza. E tentar obter combustível de outros lugares poderia espalhar a crise para outras regiões.
“A Europa não tem alternativa ao gás russo”, disse Ron Smith, analista sênior de mercados da BCS Global. “Seria preciso desviar metade do GNL que a Ásia consome para substituir o que vem da Gazprom. E o que isso significaria? Significaria enorme escassez de energia em toda a Ásia, significaria exportar a crise de energia da Europa para a Ásia”.
O volume de gás de que a UE precisa não pode ser substituído por nenhum fornecedor unilateralmente sem atrapalhar as entregas para outras regiões, explicou o ministro da Energia do Catar, Saad Al-Kaabi, na terça-feira após uma conversa com a comissária de Energia do bloco, Kadri Simson.
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