quarta-feira, 5 de outubro de 2022

A estratégia dos EUA/NATO/UE na Ucrânia, usando a carne para canhão local, de defenderem o território a todo o custo tem sido desastrosa para a Ucrânia, embora os média do ocidente colectivo digam uma outra coisa qualquer.

 A estratégia elementar de manter e consolidar territórios versus perder ou ganhar a guerra ... o lado politicamente incorrecto da guerra


A estratégia dos EUA/NATO/UE na Ucrânia, usando a carne para canhão local, de defenderem o território a todo o custo tem sido desastrosa para a Ucrânia, embora os média do ocidente colectivo digam uma outra coisa qualquer.


No final de 1942, quando a Wehrmacht, os exércitos nazis do Hitler, não puderam avançar mais para leste na Rússia dada a resistência soviética, Hitler alterou o esforço principal das forças terrestres alemãs, de uma estratégia orientada inicialmente para a destruição das forças russas inimigas, para uma estratégia de manutenção e consolidação de territórios conquistados.  


Hitler exigiu que os seus exércitos consolidassem e defendessem vastas e, maioritariamente, vazias e irrelevantes, partes do território soviético conquistadas.


Esta missão de consolidação dos territórios conquistados, que faz sentido nos termos dos clássicos tratados de Táctica que estudei na Academia Militar, na realidade e naquele contexto, roubou aos militares alemães a sua liberdade e iniciativa operacional, fixou a maioria dos efectivos no terreno e, acima de tudo, impediu-os de superar o lento e metódico progresso no terreno do oponente soviético...  esta consolidação/ manutenção do território conquistado também empurrou a logística alemã para o ponto de ruptura. 


Quando a consolidação do terreno foi combinada com contra-ataques sem fim para retomar mais território inútil, a Wehrmacht foi condenada à sua destruição, lenta, irreversível e desgastante.


O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, (presumivelmente a conselho de seus conselheiros militares americanos e britânicos), também adotou uma estratégia de manter e consolidar o território reconquistado e o nunca perdido, no leste da Ucrânia. 


As Forças ucranianas imobilizaram-se dentro das áreas urbanas, e ali prepararam as suas defesas. 


Como resultado, as forças ucranianas transformaram centros urbanos em fortificações que foram e são a sua "última linha de defesa". 


Por exemplo, acções sensatas de retiradas ou recuos tácticos ou estratégicos de cidades como Mariupol, que poderiam ter salvo muitas das melhores tropas da Ucrânia foram proibidas. 


As forças russas responderam metodicamente isolando e esmagando os defensores, que não tiveram possibilidade de escapar ou ser resgatadas por outras forças ucranianas.


A determinação de Moscovo de destruir as forças ucranianas pelo menor custo em vidas russas prevaleceu. 


As baixas ucranianas foram sempre mais pesadas do que as relatadas, desde o momento em que as tropas russas entraram no leste da Ucrânia para expulsarem a ameaça NATO, mas agora, graças ao recente fracasso dos contra-ataques ucranianos na região de Kherson, as baixas ucranianas atingiram níveis muito elevados, que são impossíveis de esconder. 


As taxas de baixas ucranianas chegaram recentemente aos 20.000 mortos e feridos por mês.


Apesar do reforço de mais 126 howitzers, 800.000 granadas de artilharia, e HIMARS (artilharia de foguetes dos EUA), os meses de longas e duras lutas estão a corroer sem retorno as bases das forças terrestres da Ucrânia.


Diante desse desastre, Zelensky continua a ordenar contra-ataques para retomar mais território, como forma de demonstrar que a posição estratégica da Ucrânia em relação à Rússia não é tão desesperada quanto parece.


O recente avanço ucraniano para a cidade de Izium e para a ligação entre Donbas e Kharkiv, parecia um presente para Kiev. 


As imagens de satélites dos EUA, fornecidas aos Ucranianos em tempo real, da área de Izium, mostravam que as forças russas a oeste de Izium somavam menos de 2.000 militares de infantaria ligeira. 


O Comando da Operação Especial da Rússia na Ucrânia optou por ordenar a retirada dessa sua pequena força da área, que é apenas 1% do território ucraniano, então sob controle russo. 


No entanto, o preço da vitória da propaganda de Kiev foi alto — dependendo da fonte, estima-se que 5.000 a 10.000 soldados ucranianos foram mortos ou feridos (na zona de Izium) numa área plana, quase deserta e aberta, que a artilharia, multi foguetes e ataques aéreos russos transformaram num campo de extermínio.


Dada a incapacidade de Washington de acabar com a guerra na Ucrânia pela derrota das armas russas, está a tentar transformar as ruínas do Estado ucraniano, numa ferida aberta do lado da Rússia, que nunca se curará. 


Sabia-se desde o início, que o problema com essa abordagem da guerra, era que a Rússia teria sempre os recursos mais que necessários, para intensificar drasticamente os combates e acabar com os combates na Ucrânia, em termos muito duros. 


A escalada está em andamento.


Numa declaração pública que não deve surpreender ninguém, o presidente Putin anunciou a mobilização parcial de mais 300.000 reservistas. 


Muitos destes homens substituirão as forças regulares do Exército Russo noutras partes da Rússia, que serão libertadas para operações na Ucrânia. 


Outros reservistas irão aumentar as unidades russas já empenhadas no leste da Ucrânia.


Washington sempre confundiu a prontidão e a disponibilidade de Putin para negociar e limitar a destruição da campanha na Ucrânia, como evidência de fraqueza, quando nunca o foi e nem é, e ficou claro que os objetivos de Putin foram e são apenas e só a eliminação da ameaça da OTAN contra a Rússia no leste da Ucrânia. 


A estratégia de Washington de explorar o conflito na Ucrânia para vender mais caças F-35 à Alemanha — juntamente com um grande número de mísseis, foguetes e radares para os governos aliados da Europa Central e Oriental — poderá agora a sair pela culatra.


O Departamento de Defesa dos EUA tem um longo histórico de sucesso em tranquilizar os eleitores americanos com clichês sem sentido, que exploram a tradicional ignorância, inocência e estupidez dos americanos comuns.  


À medida que as condições favoráveis a Moscovo se desenvolvem no leste da Ucrânia e a posição russa no mundo se fortalece, Washington confronta-se com uma escolha crítica: - ou propagandear ter degradado o poder militar russo na Ucrânia e reduzido drasticamente as suas ações e ficar por aí, ou arriscar uma guerra regional com a Rússia, que será nuclear e vai engolir toda a Europa.


Na Europa, no entanto, a guerra de Washington com Moscovo é mais do que apenas um assunto degradável. 


A economia alemã está à beira do colapso. As indústrias e as famílias alemãs estão famintas por energia que fica mais cara a cada semana que passa. 


Os investidores americanos estão preocupados, porque o registo histórico indica que o desempenho econômico da Alemanha é frequentemente o prenúncio de tempos econômicos difíceis nos EUA.


Mais importante, a coesão social nos Estados Europeus, especialmente na França e na Alemanha, é frágil. 


A força policial de Berlim está supostamente a preparar planos de contingência para lidar com tumultos e saques durante os meses de inverno, se a rede de energia "multicultural" da cidade entrar em colapso. 


O descontentamento está crescendo tornando bastante plausível que os governos da Alemanha, França e Grã-Bretanha, provavelmente sigam o caminho dos seus colegas em Estocolmo e Roma, que perderam ou perderão o poder para coligações de centro-direita.


Entretanto, a mando dos EUA, Kiev continua a obrigar Moscovo a eliminar as últimas reservas militares da Ucrânia, ao atacarem suicidamente as defesas russas. 


Washington, insiste o presidente Biden, apoiará a Ucrânia "tão longo quanto for preciso e até ao último Ucraniano vivo". 


Mas se Washington continuar a drenar a reserva estratégica de petróleo dos EUA, e a promover mais acções de guerra americanas na Ucrânia, a capacidade de proteger e prover os Estados Unidos competirá com o apoio à Ucrânia.


A Rússia já controla o território que produz 95% do PIB ucraniano. 


Sabia deste pormenor? Não precisa pressionar mais para oeste. 


Com os referendos e integração do Donbas, Kherson e Vaporhizhia na Rússia, fica concluída a fase principal da intervenção militar da Rússia na Ucrânia...


... e esta voltará então a sua atenção para o controle de Odessa, uma cidade russa que viu terríveis atrocidades cometidas pelas forças ucranianas contra cidadãos russos em 2014.


...controlada Odessa a Ucrânia fica sem qualquer Mar ou saída para o Mar, graças aos amigos EUA/NATO e UE... há ainda a outra versão mais negra de toda esta história... a guerra nuclear mundial... que está nos últimos milissegundos do relógio atómico.


Moscovo não tem pressa. 


Os russos são metódicos e deliberados. 


As Forças ucranianas estão sangrando até a morte em contra-ataques após contra-ataques. 


Por que há-de então Moscovo apressar-se? Moscovo pode ser paciente. 


A China, Arábia Saudita e Índia estão a comprar o petróleo russo em rublos. 


As sanções estão a prejudicar os acéfalos aliados europeus da América, não a Rússia. 


O próximo inverno provavelmente fará mais por alterar o cenário político europeu do que qualquer ação que Moscovo possa empreender. 


Em Zakopane, uma cidade de 27.000 almas no extremo sul da Polônia, a neve já está caindo, o inverno está a chegar...


Douglas Macgregor, Coronel (ret.) é um membro sênior do The American Conservative, ex-conselheiro do Secretário de Defesa no governo Trump, um condecorado veterano de combate, e autor de cinco livros.

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