Se ainda há alguém que acredita mesmo que vai chegar o dia em que as tecedeiras da narrativa se vão envergonhar e, quem sabe, até pedir desculpas por terem andado a mentir aos ouvintes e telespectadores durante tanto tempo e de forma tão bruta e descarada, recomenda-se que espere sentado.
A flexibilidade em moldar a propaganda conforme as necessidades e subsumir os factos de acordo com a conveniência é o seu trunfo. Agora a lengalenga já não se resume apenas à ideia de que a Rússia está sem munições, sem homens, economicamente destruída e prestes a retirar-se, humilhada, da Crimeia e do Donbass, preparada para enfrentar a inevitabilidade da capitulação e reparações perante a poderosa e sofisticada máquina "ocidental".
Agora, após umas piruetas e uns pinos, a Rússia demonstrou a sua enorme fragilidade, pois já há um ano e meio que não consegue, com o seu enorme mas tosco, desorganizado e rudimentar exército de "orcs", engolir a "vítima" invadida, muito mais pequena, fraca e escassamente armada (com latas de tomate que abatem drones e espingardas de caça que destroem hipersónicos) mas capaz de proezas guerreiras incríveis, com base na superioridade moral e na crença firme nos" valores democráticos ocidentais".
Obviamente que, como tudo o que sai das bocas destes seres, não passa de um emaranhado de mentiras grosseiras. O orçamento russo para a operação militar na "Ucrânia" já chegou a constituir um terço do orçamento ucro-nato (até o The Economist publicou um extenso artigo a propósito do assunto) e, por esta altura há um ano atrás, tinha no terreno 1/4 do contingente ucraniano. Por sua vez, toda a infra-estrutura bélica "ucraniana" assenta naquilo que é fornecido, num montante que já ascende a quase 200 biliões de dólares sem contar com os créditos perdoados e outros mecanismos financeiros) por mais de 50 países do dito "ocidente" (a "anglo-esfera" e uma data de pós-estados vassalos e semi-colónias, maioritariamente no ocidente do subcontinente europeu) e que se acreditava ser tecnologicamente muitíssimo superior e mais eficaz do que aquilo que alguma vez poderiam produzir uns quaisquer "orcs". Ou seja, na verdade, demonstrou que, praticamente sozinha e tanto a nível económico-financeiro como militar e estratégico, tem capacidade para enfrentar (em vários cenários mundiais, desde a esfera da ex-URSS a África) toda a liga dos ditos "países ricos e desenvolvidos" em conjunto.
A ideia dos propagandistas, a partir daqui, mais uma vez, é a de que a Rússia até pode não ter acabado destruída na Ucrânia nem falido até à data (pelo contrário, passou de sexta a quinta economia mundial, segundo dados de instituições financeiras supra-nacionais), como seria o esperado, mas demonstrou incapacidade para lidar até com um inimigo "pequeno e quase desarmado". Na próxima fase, quando a Polónia e os anões baltas entrarem em cena, é que vai ser. Só é preciso mais um pouquinho de paciência e fé, por parte do consumidor-contribuinte-eleitor "ocidental" pequeno e médio que segue as notícias e os especialistas, nos próximos milhares de milhões que irão ser enviados para a Frente de Leste.
E o cenário polaco-báltico é inevitável. A Rússia tem (ou tinha) dois exclaves: para além da Crimeia, tem ainda Kaliningrado, que constitui um potencial factor de pressão ainda maior e mais delicado. É para isso que já vão preparando e moldando as opiniões das massas pós-ocidentais. Esperam-se bandeirinhas da Polónia e da Lituânia já num futuro relativamente próximo.
Von der Leyen
Tropas russas retirando Chip´s de máquinas de lavar louça para consertar equipamentos militares.
Daniel VMarcos
Esta é a parte mais impressionante. Uma coisa é quando uns propagandistas quaisquer, uns jornalistas, uns entertainers dizem estas coisas para encantar o borregame na TV (o Goucha e a Cristina fazem o mesmo, só que por outros meios).
Faz parte. Outra coisa é quando são titulares oficiais, ao mais alto nível, de instituições de um bloco político-económico com supostamente fortes e sérias ambições globais... a justificar decisões de fundo e directivas gerais com recurso aos delírios mais toscos e baratos dos inventores de fakes de Kiev. Até eu fico admirado.
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