sexta-feira, 12 de setembro de 2014

OTAN precisa de “imagem do inimigo” para justificar a sua existência.

Foto de arquivo
Foto de arquivo

A OTAN precisa de criar uma imagem negativa de Moscou para justificar a sua existência, disse o chanceler russo, Serguei Lavrov, frisando ser esse o objetivo da OTAN para, a qualquer custo, abalar o posicionamento político equilibrado da Rússia. Mas esta não enlouqueceu, nem perderá a cabeça.

Se não fosse a Crimeia e o Sudeste da Ucrânia, o Ocidente teria inventado um outro pretexto para tentar provocar Moscou a se envolver em um conflito, salientou o chefe da diplomacia russa. Em declarações prestadas à agência de notícias Itar-Tass, o ministro realçou que, desequilibrando a Rússia, o Ocidente poderá “apresentar a conta” aos contribuintes como que dizendo: os vossos impostos se destinam a manter a máquina militar da OTAN, que vos dá garantias de uma vida segura.
Hoje, nenhuma pessoa sensata suspeitará a Rússia de querer agredir a Europa. Tal retórica permite à OTAN justificar a sua existência, considera o politólogo Fiodor Voitolovsky:
“A Aliança Atlântica foi criada para fazer frente à URSS e ao Tratado de Varsóvia, instituído por países do bloco socialista em 1955 e dissolvido em 1991. Hoje, na ausência destes dois adversários, a OTAN continua sendo um obstáculo político-militar para o desenvolvimento de relações econômico-comerciais, sociais e culturais entre a Rússia e os países-membros da Aliança.
Podemos constatar que os membros europeus da OTAN não querem suportar as avolumadas despesas militares que lhes são impostas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte. Washington tem criticado os aliados pela falta de disponibilidade de assegurar adequadamente a sua defesa. Por isso, a retórica agressiva persegue o único objetivo de incentivar e obrigar os países-membros europeus a intensificar a realização das iniciativas lançadas por Washington”.
Na falta de meios para a guerra, convém pedir mais dinheiro para a defesa. É neste contexto e nesta lógica de raciocínio que se cria uma imagem da Rússia “inimiga” como se ela fosse um país que ameaça a segurança da Europa, reputa o perito Timofei Borodachev:
“A Aliança já esgotou suas potencialidades. Mas, em vez de fazer a revisão do sistema de segurança regional, começou os preparativos para um conflito. Nos últimos anos, a OTAN tem atuado como um bloco militar agressivo. Basta recordar os acontecimentos na Iugoslávia ou na Líbia. A “ameaça” russa, contudo, poderia explicar o “caráter defensivo” da OTAN”.
Ultimamente, Moscou tem sido acusada de estar apoiando as milícias do Sudeste da Ucrânia, “intensificando” assim o conflito armado. Há dois anos, o Ocidente havia acusado a Rússia de defender o “tirano e ditador sírio” Bashar Assad.
Entretanto, enquanto o Ocidente vai gastando esforços e meios na luta contra fantasmas, um autêntico inimigo está ganhando força. Só depois de os extremistas do Estado Islâmico (EI) terem decapitado um cidadão dos EUA, o presidente Barack Obama falou de ameaça terrorista. Antes, todas as tentativas da Rússia de qualificar o EI como uma organização terrorista e inclui-la nas respetivas listas da ONU esbarravam na oposição dos EUA.  Bashar Assad tinha que travar a luta contra jihadistas e, ao mesmo tempo, suportar as acusações do Ocidente acerca dos sofrimentos inéditos do povo sírio.
Fomentando o litígio interno na Ucrânia, os patrocinadores ocidentais prepararam um terreno fértil para ânimos nacionalistas. E hoje, os nacionalistas ucranianos, ao erguerem a cabeça, se sentem mais fortes e agressivos. Pois se engana muito aquele que pensa ser fácil desmantelar e derrubar, como se fosse por uma varinha mágica, essa máquina ultranacionalista. Na pior das hipóteses, os extremistas irão buscar novas aventuras, se calhar na Rússia. Mas a Rússia não os vai deixar entrar. Nesse caso, poderão “inesperadamente” ressurgir no território da OTAN.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_09_11/OTAN-busca-imagens-de-inimigo-5894/

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