sábado, 25 de outubro de 2025

CHINA PÕE WADEPHUL NO SEU SÍTIO


 


Por 🇩🇪🇺🇸🇨🇳 Isto é o que sucede quando, em bom português, se “mistura alhos com bugalhos”. A Autoeuropa poderá vir a parar a sua produção porque muito provavelmente vão faltar os semicondutores para o fabrico dos VW em Palmela. A fábrica tem material para garantir produção por mais uma semana. E porque vão faltar os microchips? Porque eles vinham da Nexperia, nos Países Baixos. Mas o governo holandês no início deste mês nacionalizou a empresa, que era filial da chinesa Wingtech Technology, alegando “preocupações de segurança” da UE. As pressões vieram dos “aliados“ EUA e Reino Unido, este último cada vez mais influente nas decisões europeias desde o famoso Brexit (!). Washington já havia colocado a Wingtech na sua “Entity List”, uma espécie de lista negra do Departamento de Indústria e Segurança, que deve ser seguida pelos seus súbditos europeus. No Reino Unido, a Nexperia também foi forçada a vender uma fábrica de microchips devido a preocupações com a “segurança nacional”. Note-se o jogo de palavras fabricado pela inteligência britânica, exímia em criar narrativas e mudar a percepção dos grandes públicos (veja-se a história do Instituto Tavistock). Os europeus, uma vez mais caem numa armadilha dos seus aliados anglo-saxões, em especial dos EUA, que na sua longa guerra contra a indústria europeia, vai garantir mais uma serie de investidores e uma mais que provável fuga de empresas para a sua economia falida, mas com um plano claro de reindustrialização, transversal às administrações Biden e Trump 2. E quem esperava que a China ia ficar de braços cruzados? É obvio que imediatamente deram ordens para a empresa cortar as exportações para a UE. A isto deve-se somar as restrições à exportação de terras raras, necessárias a várias indústrias. As implicações para estes a curto-prazo, são claras: as indústrias automóvel, de satélites, militar, electrónica e outras, estão agora literalmente a lutar por novos fornecedores, que aparecerão, mas quando e a que preço? A Alemanha é a mais afectada e já protestou: A indústria alemã “depende desses chips!”, queixou-se hoje a sua ministra da Economia, de viagem em Kiev. Tal como no tema da energia, que após a explosão dos Nord Stream fica totalmente nas mãos do GNL caro dos EUA, a Alemanha vê a sua indústria a levar mais uma marretada, agora no sector dos semicondutores, para os quais não tem produção própria nem alternativas imediatas. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Johann Wadephul, queria viajar hoje a Pequim para debater este tema urgente com o seu maior parceiro comercial, mas também para insistir com o tema da Ucrânia. Pensava que iria ser recebido pelo ministro do Comércio e pelo primeiro ministro! Pobre inocência. Pequim terá delegado um funcionário menor para uma curta audiência e Wadephul desistiu da viagem à última da hora, para evitar a humilhação. A resposta da China não podia ser mais significativa: Vocês é que precisam de nós, a vossa indústria automóvel sem o nosso mercado tem os dias contados; vocês continuam a meter-se nos nossos assuntos internos; vocês querem que cortemos relações comerciais com o nosso parceiro estratégico Rússia; vocês são signatários da política de uma só China e vendem armas aos rebeldes de Taipé; vocês impõem-nos sanções unilaterais (ilegais); vocês restringem o livre comércio internacional… Vocês não são de confiança! Numa tal condição, os fanfarrões dos norte-americanos, fantásticos jogadores de Poker, gritariam “America is back!“, mas os chineses na sua longa partida de Go, jogo do qual são mestres, começam a mostrar os seus trunfos e a dizer que a sua civilização de 5000 anos está aí e o seu poder global vai se começar a fazer-se sentir de forma subtil, mas consistente e avassaladora.

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