quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A ESTRATÉGIA RUSSA FACE AO IMPERIALISMO ANGLO-SAXÓNICO O início da viragem do mundo Thierry Meyssan O ataque dos Anglo-Saxões contra a Rússia toma a forma de uma guerra financeira e económica. Entretanto, Moscovo prepara-se para as hostilidades armadas desenvolvendo a auto-suficiência da sua agricultura e multiplicando as suas alianças para o efeito. Para Thierry Meyssan, após a criação do califado do Levante, Washington deverá jogar uma nova cartada, em setembro, em São Petersburgo. A capacidade da Rússia em preservar a sua estabilidade interna determinará, então, a sequência dos acontecimentos.

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A Organização de cooperação de Xangai representará, a partir do seu provável alargamento em setembro de 2014, 40% da população mundial
A ofensiva conduzida pelos Anglos-Saxões (Estados-Unidos, Reino Unido e Israel) para dominar o mundo prossegue sobre dois eixos simultâneos: quer, por um lado, a criação do «Médio-Oriente alargado» (Greater Middle East), atacando simultaneamente o Iraque, a Síria, o Líbano e a Palestina, como, por outro, o afastamento da Rússia da União Europeia, através da crise que eles montaram na Ucrânia.
Nesta corrida de velocidade, parece que Washington quer impôr o dólar como moeda única no mercado do gaz, a fonte de energia do XXIo século, do mesmo modo que a impuseram sobre o mercado do petróleo [1].
Os média (mídia-Br) ocidentais quase que não cobrem a guerra do Donbass, e a sua população ignora a amplitude dos combates, a presença dos militares US, o número das vítimas civis, a vaga dos refugiados. Os média ocidentais focam pelo contrário, com detalhe, os acontecimentos no Magrebe e no Levante, mas apresentando-os seja como resultantes de uma pretensa «primavera árabe» (quer dizer, na prática, de uma tomada de poder pelos Irmãos muçulmanos), seja como o efeito destrutivo de uma civilização violenta em si mesma. Mais do que nunca, seria necessário vir em socorro de árabes incapazes de viver, pacificamente, na ausência de colonos ocidentais.
A Rússia é actualmente a principal potência capaz de conduzir a Resistência ao imperialismo anglo-saxónico. Ela dispõe de três ferramentas: os BRICS, uma aliança de rivais económicos que sabem não poder crescer senão uns com outros, a Organização de cooperação de Xangai, uma aliança estratégica com a China para estabilizar a Ásia central, e por fim a Organização do Tratado de segurança colectiva (OTSC-ndT), uma aliança militar dos antigos Estados soviéticos.
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Les dirigeants des BRICS : Dilma Rousseff (Brésil), Vladimir Poutine (Russie), Narendra Modi (Inde), Xi Jinping (Chine) et Jacob Zuma (Afrique du Sud)
Na cimeira de Fortaleza (Brasil), que se desenrolou de 14 a 16 de julho, os BRICS deram o passo em frente anunciando a criação de um Fundo de reserva monetária (principalmente chinês) e de um Banco BRICS, como alternativas ao Fundo monetário internacional e ao Banco mundial, portanto ao sistema-dólar [2].
Antes mesmo deste anúncio, já os Anglo-Saxões haviam posto em acção a sua resposta: a transformação da rede terrorista Al-Qaida num califado, afim de preparar os conflitos entre todas as populações muçulmanas da Rússia e da China [3]. Eles prosseguiram a sua ofensiva na Síria e transbordaram-na quer para o Iraque, quer depois para o Líbano. Falharam, por outro lado, no expulsar de uma parte dos Palestinianos para o Egipto e a desestabilizar mais profundamente ainda a região. Por fim, eles mantiveram-se afastados do Irão(Irã-Br), para dar ao presidente Hassan Rohani a chance de enfraquecer a corrente anti-imperialista dos khomeinistas.
Dois dias após o anúncio dos BRICS, os Estados Unidos acusaram a Rússia de ter destruído o vôo MH17 da Malaysia Airlines por cima do Donbass, matando 298 pessoas. Sobre esta base, puramente arbitrária, impuseram aos Europeus a entrada em guerra económica contra a Rússia. Assumindo-se como um tribunal o Conselho da União europeia julgou e condenou a Rússia, sem a menor prova e sem lhe dar a oportunidade de se defender. Ele promulgou «sanções» contra o seu sistema financeiro.
Consciente que os dirigentes europeus não trabalham pelos interesses dos seus povos, mas sim pelos dos Anglo-Saxões, a Rússia mordeu o seu freio e interditou-se, até à data, de entrar em guerra na Ucrânia. Ela apoia com armas e com informação os insurgentes, e acolhe mais de 500. 000 refugiados, mas, abstêm-se de enviar tropas e de entrar na engrenagem. É provável que ela não intervenha antes que a grande maioria dos Ucranianos se revolte contra o presidente Petro Porochenko, mesmo que isso signifique não entrar no país senão após a queda da República popular de Donetsk.
Face à guerra económica, Moscovo escolheu responder por medidas similares, mas envolvendo a agricultura e não as finanças. Dois considerandos guiaram esta escolha: primeiro, a curto prazo, os outros BRICS podem mitigar as consequências das pretensas «sanções»; por outro lado, a médio e longo prazo, a Rússia prepara-se para a guerra e entende reconstituir completamente a sua agricultura, para poder viver em auto-suficiência.
Por outro lado, os Anglo-Saxões previram paralisar a Rússia pelo interior. Primeiro activando para tal, via Emirado islâmico (EI), grupos terroristas no seio da sua população muçulmana, depois organizando também uma contestação mediática aquando das eleições municipais de 14 de setembro. Consideráveis somas de dinheiro foram fornecidas a todos os candidatos da oposição, numa trintena de grandes cidades envolvidas, enquanto pelo menos 50. 000 agitadores ucranianos, misturados com os refugiados, estão em vias de se reagrupar em São Petersburgo. A maior parte de entre eles têm a dupla nacionalidade russa. Trata-se, com toda a evidência, de reproduzir na província as manifestações que em Moscovo (Moscou-Br) se seguiram ás eleições de dezembro de 2011 —a violência sobretudo—; e de mergulhar o país num processo de revolução colorida ao qual uma parte dos funcionários e da classe dirigente é favorável.
Para o realizar Washington nomeou um novo embaixador na Rússia, John Tefft, que já preparara a «revolução das rosas» na Geórgia e o golpe de Estado na Ucrânia.
Será importante para o presidente Vladimir Putin poder confiar no seu Primeiro- ministro, Dmitri Medvedev, que Washington esperava recrutar para o derrubar.
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Narendra Modi
Considerando a iminência do perigo, Moscovo teria conseguido convencer Pequim a aceitar a adesão da Índia contra a do Irão (mais, também, as do Paquistão e da Mongólia) à Organização de cooperação de Xangai (OCS em inglês-ndT). A decisão deveria ser tornada pública aquando da cimeira prevista para Duchambe (Tajiquistão) entre 12 e 13 de setembro. Ela deveria pôr um fim ao conflito que opõe, desde há séculos, a Índia e a China, e envolvê-los numa cooperação militar. Esta reviravolta, se se confirmar, terminaria igualmente com a lua de mel entre Nova Deli e Washington, que esperava afastar a Índia da Rússia dando-lhe acesso, por tal, nomeadamente a tecnologias nucleares. A adesão de Nova Deli é também uma aposta acerca da sinceridade do seu novo Primeiro-ministro, Narendra Modi, quando pesa sobre ele a suspeita de ter encorajado violências anti-muçulmanas, em 2002, em Gujarate, do qual era ministro-chefe.
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Aiatola Ali Khamenei
Por outro lado a adesão do Irão, que constitui um desafio para Washington, deverá trazer ao OCS um conhecimento preciso dos movimentos jihadistas e das maneiras de combatê-los. Mais uma vez, se confirmada, tal reduziria a disposição iraniana para negociar uma trégua com o «Grande Satã», que a levou a eleger o Xeque Hassan Rohani para a presidência. Isto seria uma aposta quanto à autoridade do líder supremo da Revolução Islâmica, o aiatola Ali Khamenei.
De facto, estas adesões marcariam o início da viragem do mundo do Ocidente para o Oriente [4]. Ainda assim, esta evolução deverá ser protegida militarmente. É o papel da Organização do Tratado de Segurança Coletiva(OTSC), formado em volta da Rússia, mas do qual a China não faz parte. Ao contrário da Otan, esta organização é uma aliança clássica, compatível com a Carta das Nações Unidas, uma vez que cada membro conserva a opção de sair dela, se o desejar. É, pois, apoiando-se nessa liberdade que Washington tem tentado, no decurso dos últimos meses, comprar alguns membros, nomeadamente a Arménia. No entanto, a situação caótica na Ucrânia parece ter arrefecido aqueles que nela sonhavam com uma «proteção» norte- americana.
A tensão deverá pois subir nas próximas semanas.

O que as guerras na Ucrânia, em Gaza, na Síria e na Líbia têm em comum? Alfredo Jalife-Rahme Para o especialista mexicano em geopolítica Alfredo Jalife-Rahme, a simultaneidade dos eventos ilumina seu significado: logo depois de anunciar a criação de uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial, isto é, o dólar, a Rússia está tendo que enfrentar, ao mesmo tempo, a acusação de ter derrubado o jato da Malaysia Airlines; o ataque israelense em Gaza, apoiado pela inteligência militar dos EUA e do Reino Unido; o caos na Líbia; e a ofensiva do Estado Islâmico no Levante. Além disso, em cada um desses teatros de guerra, a luta gira em torno do controle dos hidrocarbonetos, que até agora foram negociados exclusivamente em dólares.

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O video-game mais vendido em todo o mundo "Call of Duty: Modern Warfare" [‘Cumprimento do Dever: Operações Militares Modernas’ – NT] coloca os Estados Unidos contra a Rússia em um cenário de guerra pelo petróleo.
Calendários, fluxogramas, diagramas e índices genealógicos são muito úteis para se fazer uma análise geopolítica. Assim, dois dias antes de um misterioso míssil explodir o avião da Malaysia Airlines no céu – um evento tão obscuro como as circunstâncias de ambos os seus voos recentes –, a sexta cúpula do BRICS, incluindo um número de países membros da Unasul, como a Colômbia e o Peru, tinha terminado com sucesso. [1]
Um dia antes do ataque de míssil mortal, Obama fez uma elevada pressão sobre a Rússia e seus dois ativos inextricáveis: bancos e recursos energéticos. "Por pura coincidência", no dia em que o misterioso míssil foi disparado na Ucrânia, "Netanyahu, no leme de um estado com arsenal nuclear, ordenou que seu exército invadisse a faixa de Gaza", como Fidel Castro corretamente apontou quando denunciou o golpe de estado em Kiev, que ele acusou de ter realizado uma "nova forma de provocação" sob o patrocínio dos Estados Unidos. [2]
O que esse velho desmancha-prazeres do Caribe poderia saber sobre esse caso?
Enquanto o míssil misterioso estava destruindo o voo da Malaysia Airlines, Israel, um estado racista e segregacionista, invadia a faixa de Gaza, em violação das resoluções da ONU e "antagonizando a opinião pública internacional", conforme indicado pelo ex-presidente Bill Clinton. [3]
Simultaneamente com a "coincidência" (dixit Castro [dixit: Latin, as stated by– NT]) relativa aos objetivos geopolíticos na Ucrânia e na faixa de Gaza, confrontos de natureza declarada envolvendo o controle dos recursos de energia, tomaram o centro do palco nos três países árabes classificados como "Estados Fracassados" pelos estrategistas dos EUA: Líbia, Síria e Iraque, para não mencionar as guerras no Iêmen e na Somália.
Na Líbia, um estado balkanisado [dividido em pequenos ‘principados’ que frequentemente estão imersos em hostilidades – NT] e dizimado como resultado da intervenção "humanitária", liderada pela Grã-Bretanha e pela França sob a supervisão hipócrita dos Estados Unidos, apenas dois dias antes do míssil misterioso na Ucrânia, as brigadas rebeldes de Zintan barraram todo o acesso ao Aeroporto Internacional de Trípoli (capital), enquanto confrontos entre clãs rivais aumentavam em Benghazi, de onde jihadistas na Síria e no Iraque foram fornecidos com armas e onde o embaixador dos EUA na Líbia foi assassinado sob circunstâncias bizarras.
Além da ligação entre o fluxo de armas na Líbia, Síria e Iraque, na região controlada pela Al-Qaeda/Al-Nusra e o novo Estado Islâmico (Daesh) [4], a questão crucial para as empresas de petróleo e gás dos E.U., britânicas e francesas é assegurar o controle da matéria prima (gás e água fresca) pertencente à Líbia, onde Rússia e China ingenuamente cairam numa armadilha [5].
Quanto à apropriação de petróleo iraquiano pelo duo imperialista EUA / UK, que também levou à balcanização e destruição do Iraque, mergulhando o país em uma "guerra de 30 anos", seria fútil e letalmente chato ter de rever as provas bem conhecidas.
Durante a minha recente visita a Damasco, onde eu fui entrevistado por Thierry Meyssan, presidente da Rede Voltaire, ele me disse que a repentina virada-de-face do "oeste (seja lá o que se entenda por isso)" contra Bashar al-Assad é devida em grande parte – além dos campos de gás localizados ao longo da costa mediterrânica – à profusão de depósitos de óleo que se encontram no interior da Síria, depósitos que agora são controlados pelo "Novo Califado (Daesh) do Século XXI ".
A interdependência entre petróleo e gás está no centro do atenções em Gaza cinco anos após a operação "Chumbo Fundido", cuja estratégia está sendo adotada pela operação "Borda Protetora" (sic), sem uma investigação para estabelecer conclusivamente quem foi responsável elo terrível assassinato dos três jovens israelitas – que havia sido profeticamente anunciado por Tamir Pardo, o "visionário" chefe do Mossad [6] – e serviu como pretexto para outra invasão israelita da faixa de Gaza que ceifou a vida de uma várias centenas de crianças.
De acordo com o geógrafo, Manlio Dinucci, escrevendo no jornal italiano Il Manifesto [7], a abundância de reservas de gás nas águas costeiras de Gaza é uma das razões para a intransigência israelense.
Da mesma forma, as substanciais reservas de gás de xisto, profundamente enterradas na República Autônoma de Donetsk, que visa separar-se ou tornar-se uma federação da Ucrânia, é a fonte da feroz guerra psicológica entre a mídia pro-UE e pró Rússia para fixar a responsabilidade do outro lado da explosão do avião da Malaysia Airlines. Será que não poderia ter sido uma operação sob falsa bandeira inventada pelo governo da Ucrânia para incriminar os separatistas usando "gravações" que podem muito bem ter sido adulteradas para acusá-los de "terrorismo" e assim aniquilá-los?
Há dois meses, as notícias do canal Rússia Hoje (RT – Russia Today) – que é cada vez mais visto na América Latina para combater a desinformação expelida pela mídia israelense-Anglo-americana controlada e que foi submetida à censura pública pelo Secretário de Estado John Kerry – tinha já ressaltado a importância do gás de xisto na região de Donetsk (região no leste da Ucrânia que procura ganhar independência), e perguntava se "os interesses das companhias petrolíferas ocidentais não estariam por trás da violência" [8].
Com efeito, a parte oriental da Ucrânia, atualmente envolvida em uma guerra civil, está cheia "de carvão e uma miríade de depósitos de gás de xisto na bacia do Dnieper-Donets." Em fevereiro de 2013, a British Shell Oil assinou com o governo da Ucrânia (o anterior, que foi deposto por um golpe neo-nazista apoiado pela UE) um acordo de 50 anos para partilhar os lucros provenientes da exploração e extração de gás de xisto na região de Donetsk. [9]
De acordo com o RT, "os lucros que Kiev não quer perder" são tantos que fizeram o governo ucraniano a desencadear uma "campanha militar [desproporcional] contra seu próprio povo."
No ano passado, a Chevron assinou um acordo semelhante (com o mesmo governo) para 10 bilhões de dólares.
Hunter Biden, filho do Vice-Presidente do EUA, foi nomeado para o Conselho de Diretores da Burisma, a maior firma produtora de gás privada (supersic) na Ucrânia [10], a qual "abre uma nova perspectiva para a exploração de gás de xisto ucraniano" na medida em que "ela detém a licença abrangendo a bacia do Dnieper-Donets." John Kerry não será deixado para fora em relação à distribuição dos lucros, e Devon Archer, seu antigo conselheiro e colega de faculdade de seu enteado, juntou-se à controversa empresa em abril.
Pode uma ma licença de "desapropriação de imóveis" para explorar o gás de xisto na Ucrânia servir também como uma "licença para matar" inocentes?
Está o fraturamento hidráulico em processo de fraturar Ucrânia? Esta tem sido uma característica permanente da trágica história da exploração de hidrocarbonetos por companhias de petróleo "ocidentais" ao longo do século XX.
Não há dúvida de que os hidrocarbonetos são o denominador comum das guerras na Ucrânia, no Iraque, na Síria e na Líbia.

O Livro que faz estremecer todos os governos norte americanos desde há 16 anos : O FIM DAS SOBERANIAS E DAS LIBERDADES NA EUROPA Jean-Claude Paye : « As leis antiterroristas. Um ato constitutivo do Império » Silvia Cattori As leis “antiterroristas” impostas pelos Estados Unidos serviram para estabelecer os fundamentos sobre os que se constrói uma nova ordem de direito, assinala o sociólogo Jean-Calude Paye. Aplicam-se de agora em diante me todos os Estados europeus. Atualmente os serviços secretos estrangeiros podem vigiar qualquer cidadão europeu no seu própriopaís, pode se calificado de “combatente inimigo”, ser entregue a torturadores da CIA e ser julgado por comissões militares estadunidenses.

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Silvia Cattori : Quando se lê suas duas obras: La fin de l’État de droit. La lutte antiterroriste: de l’état d’exception à la dictature e Global War on Liberty [A guerra global contra a liberdade] [1] se comprende uma coisa que os responsáveis políticos querem ocultar-nos: que todas as medidas adotadas no marco da Lei Patriota [2] – apresentadas como se tivessem a ver com organizações terroristas – foram generalizadas e afetam de hoje em diante o conjunto dos cidadãos. Custa comprender que os Estados europeus tenham podido aprovar o abandono de sua ordem legal e submeter suas sociedades a essas leis de exceção.
Jean-Claude Paye: Não há nada, efetivamente, nos acordos europeus de extradição, assinados em 2003, que impeça que cidadãos europeus sejam levados perante jurisdições de exceção dos Estados Unidos. Temos que notar que esses acordos, que legitimam esses tribunais de exceção, são o resultado de anos de negociações secretas. Não constituem mais do que a ponta de um iceberg. Uma parte do texto relativo a esses acordos se fez visível porque devia ser ratificado pelo Congresso dos Estados Unidos.
Do lado europeu, não era necessário faze-los ratificar pelo Parlamenteo Europeu e os parlamentos dos Estados membros não tiveram nenhuma possibilidade de influir sobre o conteúdo dos acordos. Os que negociam no âmbito europeu são simples funcionários designados pelos diversos Estados membros.
Silvia Cattori : Mas, ao assinar esses acordos, o Conselho da Europa tem precipitado nossos países num universo kafkiano! Se esses acordos não foram retificados pelo Parlamento Europeu, por que foram aceitos?
Jean-Claude Paye: Não foram ratificados – o Parlamento Europeu tem só uma opinião consultiva- mas têm força legal. É um revelador da estrutura imperial que foi imposta. Pode se ver que a única estrutura estatal soberana que subsiste são os Estados Unidos. A União Européia, por exemplo, é uma estrutura totalmente desintegrada.
Silvia Cattori : Em que nível teve lugar essa negociação?
Jean-Claude Paye: Entre representantes do Conselho da Europa. Trata-se de funcionáriso que praticamente não têm que prestar contas. São delegados permanentes a cargo de assuntos de polícia e justiça, designados pelos Estados membros. São funcionários europeus ou nacionais que se convertem em satélites do governo dos Estados Unidos. Isso vale no plano judicial, e também no plano econômico.
Silvia Cattori : Portanto, a União Européia não se interessa pela proteção dos seus cidadãos. Isso tudo está fora de controle?
Jean-Claude Paye: Sim, evidentemente. Foi construída de modo que todo esteja fora do seu controle. Isso demonstra que a União Européia não é uma alternativa ao poder dos Estados Unidos. Ao contrário, está integrada nessa potência imperial, não é mais do que um simples repetidor [3]
Antes de 11 de setembro de 2001, Estados Unidos negociava de modo bilateral. Então, receiava perante negociações com uma entidade como a Europa dos quinze porque sempre havia um Estado membro que não estava de acordo. Com os atentados de 11 de setembro, as coisas se aceleraram e simplificaram para os EUA. Segue negociando acordos bilaterais, mas agora trata também diretamente com a União Européia porque possui a relação de forças necessárias para que suas exigências sejam aceitas de entrada. Assim foi durante os acordos a respeito dos dados de vigilância das passagens aéreas. Um primeiro acordo havia sido assinado em 2004, depois um segundo em 2006 e um terceiro em 2007. Cada vez os EUA aumentaram suas exigências.
O acordo sobre os dados com referência aos viajeiros que vão aos EUA – que entrou em vigor em 29 de julho de 2007 – é um bom exemplo. Neste acordo, os europeus despojaram de sua substância todas as proteções legais, nacionais e européias, que existem em relação aos dados pessoais. São acessíveis 72 horas antes do embarque. As companhias aéreas devem transmitir o número de cartões bancários, o trajeto que se percorrerá nos EUA. Estes têm direito de impedir o acesso ao seu território, têm todos os direitos. Os cidadãos estrangeiros não são protegidos pelas leis dos EUA. Durante as negociações, Washington concedeu que se tratasse os europeus como cidadãos de EUA, mas se trata de um privilégio concedido pelo governo, que não tem a força da lei e que pode ser alterado pelo poder executivo.
Silvia Cattori : Já não há nada que se oponha ao estabelecimento de um sistema policial?
Jean-Claude Paye: Evidentemente! Os governos européus querem realizar o mesmo controle de nossas liberdades. As exigências dos EUA lhes apresentam a ocasião. Dizem: “Nos vemos obrigados a aceitar as exigências dos EUA porque do contrário as companhias europeas já não poderão seguir aterrissando lá.“ Comportam-se como se os Estados europeus não tivessem nenhum meio de retorsão e não pudessem, por seu lado, proibir que as companhias dos EUA aterrissem na Europa. Na prática, querem fazer o mesmo que o governo estadunidense. E existe o projeto de instaurar intercâmbios de informação similiares no âmbito europeu.
Silvia Cattori : Na Grã Bretanha, as leis “antiterroristas” permitem processar a toda pessoa que expresse pontos de vista considerados como suscetíveis de “criar uma atmosfera favorável ao terrorismo.” Podem estender-se essas leis a outros Estados?
Jean-Claude Paye: Sim, na Grã Bretanha, o governo Blair pode criminalizar através da lei toda forma de oposição radical à sua política exterior. No continente, os Estados tratam de atuar através da jurisprudência. Houve um processo muito interessante a respeito de militantes e simpatizantes do DHKPC na Bélgica, uma organização de oposição radical turca [4], que demonstra como o poder trata de criar tribunais de exceção para introduzir uma jurisprudência de exceção. Através da criação destes tribunais, o poder trata de criminalizar toda forma de apoio, embora seja verbal, a grupos rotulados como “terroristas” pelos EUA, inscritos depois na lista européia de organizações “terroristas”.
Silvia Cattori : Resumindo, essas leis “antiterroristas” estabelecidas depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, servem não só aos objetivos do governo Bush, como também aos dos governos europeus?
Jean-Claude Paye: As medidas das que falamos foram estabelecidas antes de 11 de setembro de 2001. A Lei Patriota reúne um conjunto de medidas que já existiam parcialmente. O objetivo da Lei Patriota não foi só impor as medidas adotadas, porém, dar-lhes legitimidade. O que era isolado, dispersso, está agora reunido numa lei só. O que outorga legitimidade às medidas que são adotadas.
Silvia Cattori : Pode-se deducir que os EUA precisavam de um gande atentado para impor esta modificação do direito penal?
Jean-Claude Paye: É óbvio! Temos que saber que a Lei Patriota, que foi apresentada três dias depois dos atentados, tem 128 páginas. O sistema penal dos EUA é complexo, funciona por referências. Isso quer dizer que uma lei modifica o conteúdo de outras leis penais. Se se toma o conjunto dessas modificações, isso corresponde a 350 páginas. Necessita-se pelo menos de um ano para redigir um texto semelhante.
Com respeito à União Européia, não é menos caricaturesco. As duas decisões marco – a relativa ás organizações “terroristas” e aquela relativa à ordem de arresto européia –foram apresentadas uma semana depois dos atentados. Também neste caso trata-se de textos que estavam prontos. Esperava-se a ocasião adequada para aprova-los.
Silvia Cattori : O que quer dizer que Bush desde 2001, e Sarkozy agora, podem utilizar esses procedimentos de exceção para transformar em inimigos a quem quiserem?
Jean-Claude Paye: Quando adotaram esses textos, já se tinha uma boa idéia de aonde poderiam levar. A lista de redes “terroristas” vem da União Européia. É estabelecida por um regulamento europeu de 2001. No meu livro “La fin de l’État de droit! [O fim do Estado de direito], menciono o caso de um comunista filipino, José Maria Sison, refugiado político reconhecido que havia obtido asilo político na Holanda. Inscrito na lista “terrorista” dos EUA, seu nome passou a ser inscrito na lista “terrorista” holandesa. O senhor Sison descobriu depois que estava inscrito na lista “terrorista” quando bloquearam suas contas e os expulsaram do alojamento social que lhe tinham asignado. Posteriormente, foi retirado da lista holandesa, mas como, entretanto, havia sido inscrito sobre a lista européia do Conselho, o governo holandês se serviu do pretexto de que o senhor Sison figurava sobre a lista “terrorista” européia, para manter as disposições que não podia justificar.
O interessante do caso é que, o 11 de junho de 2007, a Corte Européia de Luxemburgo anulou a decisão do Conselho de Europa. Estipulou que não existiam motivos para inscrever o senhor Sison na lista de “terrorismo” do Conselho que permite o bloqueio de contas.
O veredito estipula claramente que a ausencia de “motivos pertinentes” e o não respeito dos direitos de defesa levou à decisão de anular a decretação do Conselho de Europa.
No en tanto, em 28 de agosto, a policía holandesa voltou arrestar o senhor Sison, violando a decisão da Corte de Justiça.
Este caso é significativo das relações actuais entre a Justiça – que é a última instituição de resistência contra a concentração de poderes nas mãos do executivo – e a polícia. Isto demonstra que a polícia faz o que quer, violando as decisões da justiça.
Silvia Cattori : Pareceria que começou a transcrição sobre a lista “terrorista” francesa dos decretos promulgados recentemente por George Bush que criminalizam às organizações e indivíduos que se opõem à política autal no Iraque e no Líbano. Uma lista de nomes que poderia ser publicado proximamente em conjunto pela França e os EUA. Quando foi votado em janeiro de 2006 pelo Parlamento na França o dispositivo legislativo relativo ao branqueamento [5] ninguém se imaginou que seria utilizado para atacar os opoentes políticos.
Jean-Claude Paye: Em cada país, existe uma lista interna de organizações “terroristas”. Em geral, trata-se da simples transcrição da lista do Conselho da Europa, à qual acrescentam elementos complementares.
Inteiro-me no que se refere ao Líbano. Parece que aqui acrescentaram elementos complementares sobre elementos da oposição no Líbano. Seria interessante saber se esses elementos vão ser integrados à lista do Conselho da Europa.
O que declara que alguém é “terrorista” não é um tribunal; é uma simples autoridade administrativa que te inscreve, sem que exista nenhuma explicação que justifique que te tenham colocado dentro dessa lista “terrorista.”
Silvia Cattori : Que lhe inspira isso tudo?
Jean-Claude Paye: Isto demonstra que quae todos os poderes se concentram atualmente nas mãos do executivo. Que o executivo possui atualmente poderes judiciais. O poder executivo é quem decide que se pode tomar tal ou qual medida na tua contra.
O ejemplo com respeito à oposição no Líbano e o exemplo de José Maria Sison, são exatamente o mesmo. Trata-se de decisões sem motivação. Com a ressalva de que, no caso do Líbano, há uma extensão, já que não basta com ser membro de uma organização que tem sido qualificada de “terrorista” para ser incriminado, mas, simplesmente ter contatos com seus membros. É uma tendência geral que prevalece no nível da aplicação das legislações “antiterroristas”.
Silvia Cattori : Por tanto, o objetivo da Lei Patriota y de ouras leis “antiterroristas”, é atacar as liberdades fundamentais?
Jean-Claude Paye: Sim, o objetivo é suprimir as liberdades fundamentais.
Silvia Cattori : Poderia se esperar que todas as forças políticas denunciaram essas norma de exceção. A esquerda, que se apresenta como defensora da justiça social, não deveria mobilizar-se, exigir que se volte de imediato ao Estdo de direito?
Jean-Claude Paye: A esquerda? Qual esquerda? Olha os EUA. Os demócratas votam em favor das leis mais liberticidas elaboradas pelo partido republicano. A Lei de Comissões Militares [MCA, em suas siglas em inglês], adotada em 2006, voi votada de modo igual por uma parte do partido democrata, que, no entanto, é majoritário na Câmara e que tinha a possibilidade de impedir que fosse aprovada essa lei.
Conosco é o mesmo. Não se vê a diferença com a direita quando a esquerda está no poder, à parte de uma aceleração, como é o caso com o presidente Sarkozy. Por exemplo, na França, as primeiras medidas de vigilância da Rede, medidas de vigilância global, foram estabelecidas pelo governo de Lionel Jospin.
O único poder que manifesta uma pequena resistência é o poder judicial. Nos EUA tem decretos adotados pelo executivo que são anulados. Por exemplo, quando a Corte de Cassação na Bélgica anula por vício de forma o juízo em apelação de militantes do DHKCP, é uma resistência ao aparato judicial. O problema é que não há nenhuma relevância na sociedade civil. Essa ausência de relevância se soma ao silêncio dos meios. Não se pode esperar que uma instituição isolada possa resistir durante muito tempo.
Silvia Cattori : Mas, é um ataque contra a liberdade de opinião que se estende ao mundo inteiro. Portanto, é fundamental que os partidos políticos se preocupem com essas desviações, e que os cidadãos saibam que essas leis permitem, sobre a base de uma simples suspeita, que se mantenha qualquer um na prisão sem acussação e sem processo; que já ninguém está protegido pela lei, que se trata de uma arbitrariedade total! Como se pode explicar que nos Foros Sociais, os “aaltermundistas”, os responsáveis de Attac, não coloquem esses temas no centro do debate?
Jean-Claude Paye: Não falaz nisso. Não querem falar. Isso toca problemas fundamentais. Não querem falar desses problemas porque deveriam afrontar diretamente o poder. Essas preocupações lhes são secundárias. Também não formam parte do programa de Attac. Falam da taxa Tobin, de coisas periféricas. Está-se numa sociedade psicótica, uma sociedade do não-enfrentamento.
Os que defendem os cidadãos nunca são os partidos que governam. Cada vez que os partidos aprovaram medidas favoráveis aos cidadãos, o fizeram porque havia uma relação de forças que os obrigava a fazê-lo. A democracia se conquista a-cada-dia, nunca é concedida.
Se se estudam e explicam as leis “antiterroristas” se despe exatamente a natureza do poder. Não se pode falar de poder democrático, se vê uma sociedade que já vai a caminho da ditadura. Se vê cada nova medida adotada é pior do que a precedente. As coisas estão muito claras. Mas se negam a vê-las tal como elas são.
O problema fundamental não é que o poder se trasnforme em ditadura, porque, como o demonstra a história, um poder incontrolável se converte sempre em ditadura. O problema fundamental da nossa época é a obrigação da gente ante esse processo. E isso constitui um fenômeno bastante novo. A gente entrega ao poder e à maquinaria econômica suas liberdades; e em última instância, levando em consideração os problemas ecológicos e climáticos, sua supervivência como espécie viva.
Silvia Cattori : Desde quando presentiu que as coisas se desenvolviam nesse sentido, e que se proibiria que se expresse a gente que critica o sistema político e mediático?
Jean-Claude Paye: De fim dos anos noventa. Nessa época já se via o estabelecimento deste Estado policial. Mas, as leis estabelecidas naquele então já parecem quase democráticas se comparadas com o que vemos agora. O processo vive uma forte aceleração.
Silvia Cattori : Isso significa que a autoridade ejecutiva dos EUA ataca diretamente os directos funamentais dos cidadãos do mundo inteiro, dentre eles os da União Européia?
Jean-Claude Paye: Sim, evidentemente! Mas, não se trata só do executivo estadunidense, senão do conjunto dos executivos do planeta entre os quais existe uma verdadeira solidariedade contra suas populações. As prisões secretas da CIA são um bom exemplo desse processo [6]. No âmbito europeu, os governos têm sido diretamente integrados nesta organização da tortura. No melhor dos casos, tudo o que se pôde obter dos governos europeus é que se comportem como os três pequenos macacos: cegos, surdos e mudos [7].
Sílvia Cattori : Que vai acontecer com os que estão inscritos nessas listas “terroristas” que continuam sendo mantidas em segredo?
Jean-Claude Paye: As listas “terroristas” não são todas secretas. No âmbito europeu, só a lista “Europol” é secreta. Permite que se tomem medidas de vigilância e o uso de técnicas especiais secretas de vigilância e de investigação com respeito a pessoas identificadas como “terroristas” [8].
A lista do Conselho da Europa permite que se tomem medidas financieras, como o bloqueio de contas bancárias. Todos esse elementos serão utilizados se a relação de forças é favorável ao poder existente. O primeiro que há que fazer é revelar o que acontece, difundir o máximo de informações e fazer com que essas listas sejam conhecidas.
Silvia Cattori : Tudo isso não lhe sugere alguma analogia?
Jean-Claude Paye: Sim, com o clima dos anos trinta. Mas, atualmente se estabelece uma ditadura mundial. Uma espécie do “melhor dos mundos” e não um simples processo de “fascistização”.
Silvia Cattori : Desde 2001, seqÿestram-se pessoas, tortura-se a supostos “terroristas” de origem árabe e de confissão musulmana. Temos que esperar que amanhã se castigue os que denunciam esses abusos?
Jean-Claude Paye: O imperio necesita inimigos. Cria, inventa seus próprios inimigos.
O primeiro que há que se fazer é trazer à luz o que está oculto [9]. Há tantas leis que permitem fazer qualquer coisa, quando se queira! Mas, isso se faz em função da resistência imediata dos interessados. Antes existia um marco legislativo que nos protegia. Agora, podem fazer qualquer coisa se têm capacidade de impô-la. Hoje em dia, as coisas repousam sobre uma simples relação de forças.
Silvia Cattori : O senhor Dick Marty [10], nomeado pelo Conselho da Europa, poderá obter da União Européia a anulação destas leis ilegais?
Jean-Claude Paye: O informe que redigiu o señor Dick Marty é muito importante! Seu informe acerta o alvo, opõe-se à linha política dos governos europeus. Mas, na realidade, o senhor Marty não tem nenhum poder, seu informe não pôde mudar mudar nada porque vai na contracorrente. Porém, esse informe é essencial.
Silvia Cattori : Essas políticas que nos falam de justiça e liberdade, não são mais do que ar, nada?
Jean-Claude Paye: Temos que ser lúcidos: mostrar as coisas tais como são. Os que fazem críticas e se limitam a dizer: “Sim, temos que ter leis antiterroristas, é necessário lutar contra o terrorismo, mas há que evitar os abusos” não fazem outra coisa que legitimar o ponto de vista do poder. Há que mostrar que as leis que têm por objetivo a luta contra o “terrorismo”, são, na realidade, leis contras os povos.
A última lei promulgada nos EUA, a Lei de Comissões Militares, é uma lei constitucional de alcance mundial, como o demonstro no meu último livro “Global war on Liberty”. O presidente dos EUA tem a possibilidade de qualificar como inimigo a todo cidadão estadunidense ou a todo nacional de um país com o qual EUA não está em guerra. A gestão das populações, incluindo aos cidadãos estadunidenses, converte-se em um ato guerra e já não só em uma ação policial.
Tomemos o ejemplo do Acordo Swift. Swift é uma agência belga que se ocupa das transferências financeiras internacionais. Swift transmitiu desde 2001, todas as informações sobre as transações dos seus clientes violando não só a legislação belga, como a legislação européia [11]. O direito dos EUA aplicado na Europa.
Todo o que diz o governo estadunidense é do domínio da fé. A tese governamental sobre os atentados de 11 de setembro, ninguém pode crê-la racionalmente. O informe da Comissão não indica sequer que foi derrubada a terceira torre. É um informe psicótico no qual o discurso do amo substitui os fatos em si. Uma recente sondagem da Zogby demonstra que a maioria dos estadunidenses deseja que se reabra a investigação. [12] Enquanto que na Europa basta o fato de fazer perguntas para ser estigmatizado.
Silvia Cattori : Que mecanismo subsiste para exigir o retorno a um Estado de direito?
Jean-Claude Paye: Temos que deixar as coisas claras. Falar claro. Mostrar do que se trata. Depende da capacidade de resistencia da gente.
A luta “antiterrorista” é na realidade uma guerra contra as liberdades. Essa guerra contra as liberdades é a primeira etapa de uma guerra contra as populações. E a Lei de Comissões Militares é uma lei penal que tem carácter mundial e que, de fato, é um ato de soberania imperial. É uma lei que confunde relação policial e relação de guerra. É o estabelecimento de uma nova forma de Estado mundial que, ao integrar as funções de polícia e de guerra, lutas contra suas próprias populações.
Algo importante: esta lei se aplica no âmbito mundial, da possibilidade dos EUA, não só de seqüestrar, senão, sobretudo, de fazer entregar qualquer cidadão no mundo, quer dizer, a pessoas que tenha qualificado de “inimigos combatentes.”
Os acordos européus de extradição com EUA não se opõem a que as pessoas qualificadas de “inimigos combatentes” possam ser transferidas aos EUA. Portanto, é uma lei de alcance mundial. É um Ata constitutiva do Império.
Atualmente, o direito penal é constituinte. Isso já existiu na história de nossas sociedades. O direito penal exerce um papel constituinte nos períodos de transição (por exemplo, ao começo do capitalismo o direito penal foi dominante).
Se o directo penal é dominante atualmente é porque se prepara uma nova forma de direito de propriedade. É o que poderia ser chamado o fim da “propriedade de si próprio”. O conjunto de nossos dados pessoais tem deixado de nos pertencer. Pertencem ao Estado, e igualmente às firmas privadas. A dominação do direito penal prepara o estabelecimento desse futuro direito privado.
Silvia Cattori : A gente pensa geralmente que essas medidas afetam apenas a indivíduos determinados?
Jean-Claude Paye: Afetam a todo mundo. Afetam toda forma de resistência. Um “terrorista” chegou a ser alguém que não quer entregar suas liberdades ao poder, alguém que quer viver.
Silvia CattoriA partir deste verão (hemisfério norte), EUA cosideram como suspeitos de “terrorismo” os opoentes à sua política no Iraque e no Líbano [13]. O diretor da agência de imprensa libanesa New Oriente News, membro da Red Voltaire, já figura na lista. O governo Bush teria exigido ao gabinete de Sarkozy, que transcreva ao direito francês as novas listas de opositores políticos e que faça constar o jornalista Thierry Meyssan, quem já é pessoa non grata sobre território dos EUA. Surpreende-lhe este fato?
Jean-Claude Paye: Eu conhecia a exigência concreta de Bush a respeito de Thierry Meyssan. Mas, trata-se de um contexto de simples relação de forças num momento determinado. Quando se pensa na histeria que alguns chamados “intelectuais” franceses desenvolveram e nos ataques que Thierry Meyssan sofreu na França desde a aparição do seu livro sobre os atentados de 11 de setembro [14] que ousava apresentar as perguntas que tinham que ser feitas, já nada nos pode surpreender.
Meu trabalho mostra que as disposições “antiterroristas” têm por objetivo atacar os opositores políticos assim como as populações e não só os “islamitas”. Portanto, não podemos nos surpreender fundamentalmente, si isso se comprova, perante uma possível inscrição de Thierry Meyssan nas listas “terroristas”. Porém, isso indicaria que temos passado a uma nova etapa na criminalização da palavra opositora. Isso indicaria que o poder se sente perfeitamente cômodo, colocando à luz, objetivos que sermpre tem negado até agora.
Quem pode acreditar a tese governamental sobre os atentados de 11 de setembro? Quem pode acreditar que uma torre alcançada por um avião caia de modo controlado? O problema é que os EUA dão todas as informações que permitem pôr em dúvida sua tese, e a gente simula que não acredita. Nos encontramos perante um mecanismo perverso, no qual o indivíduo, para não enfrentar a realidade, simula que acredita no inverosímil.
Silvia Cattori : Apesar de que Thierry Meyssan revelou fatos que haveria que levar a sério, surpreendentemente, os jornalistas o têm difamado.
Jean-Claude Paye: A quem pertencerm esses jornais que difamaram Thierry Meyssan? Esses “jornalistas” são pessoas que copiam o que lhes dizem que digam. Conhece a muitos jornalistas “oficiais” que verifiquem suas fontes e que façam um trabalho sério de investigação?
Silvia CattoriSeus livros são importantes para todos os que defendem as liberdades.
Jean-Claude Paye: Escrevi esses livros porque acreditei que era necessário faze-lo. Quando vi que se aprovavam essas leis na Bélgica e por toda parte no mundo, tudo caminhava na mesma direção. Tinha que sublinhar essa coerência. Tem pouca gente que faça esse trabalho. Eu sou praticamente o único que trabalha de forma global. Todos esses dados não são coletados. Devo coletá-los, fazer o trabalho dos juristas e ao tempo, meu trabalho de sociólogo: poder pensar a nova forma de organização do poder. Meus trabalhos levam em conta os dois lados do Atlântico. Estudiam, não só as leis antiterroristas senão todas as leis de controle social. Isso forma um todo.
Entrevista realizada em 30 de agosto de 2007 _Versão em português de Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva, tomada da versão em francês feita para Rebelión por Germán Leyens.

Porque Obama está bombardeando o Califa ( Iraque ).

Presidente dos EUA, Barack Obama apresenta uma declaração sobre a situação no Iraque a partir de sua casa de férias em Martha Vineyard, Massachusetts 11 de agosto de 2014 (Reuters / Kevin Lamarque)
Presidente dos EUA, Barack Obama apresenta uma declaração sobre a situação no Iraque a partir de sua casa de férias em Martha Vineyard, Massachusetts 11 de agosto de 2014 (Reuters / Kevin Lamarque)
Esta é a forma como o multi-trilhões de dólares Guerra Global contra o Terror (GGT) termina: não com um estrondo, mas com um grande estrondo.
A GGT, desde a sua concepção, há 13 anos, no rescaldo do 9/11, é o dom que continua a dar. E nenhum presente é maior do que um Transformer Al-Qaeda em esteróides - maior, brasher, e mais rica do que qualquer coisa Osama Bin Laden e Ayman al-Zawahiri nunca tinha sonhado; o (IS Estado Islâmico , anteriormente conhecida como ISIS) do califa Ibrahim, ex-Abu Bakr al-Baghdadi.
Presidente dos EUA, Barack Obama, antes de implantar suas férias de golfe em Vinhedo de Martha, casualmente caiu que bombardear capangas da Califa no Iraque vai demorar meses. Pode-se interpretá-lo como uma outra camada da administração Obama auto-declarado "Não fazer coisas Stupid" doutrina de política externa, não tão sutilmente ridicularizado pelo candidato presidencial prospectivo Hillary Clinton. Choque e Pavor, em 2003, destruiu toda a infra-estrutura de Bagdá, em apenas algumas horas.
Obama também confirmou os EUA foi envolvendo o Iraque novamente com o bombardeio humanitário "para proteger interesses americanos" (em primeiro lugar) e, pensando bem, "os direitos humanos no Iraque."
Não se poderia esperar de Obama de declarar os EUA agora iria bombardear "nossos" aliados da Casa de Saud, que apoiaram / ​​financiados / como arma é, na Síria e no Iraque. O mesmo ISIS antigo que desfrutamos as maravilhas de US treinamento militar em uma base secreta na Jordânia.
Obama também não poderia explicar por que os EUA sempre apoiaram ISIS na Síria e agora decide bombardeá-los no Iraque. Oh, os perigos de 'Não fazer coisas estúpido' .
Assim, uma tradução rápida aplica.
 Iraque combatentes curdos Peshmerga olhar enquanto coluna de fumaça da cidade Makhmur, cerca de 280 km (175 milhas) ao norte da capital Bagdá, durante confrontos com Estado Islâmico (IS) militantes em 9 de agosto de 2014 (AFP Photo / Safin Hamed)
Iraque combatentes curdos Peshmerga olhar enquanto coluna de fumaça da cidade Makhmur, cerca de 280 km (175 milhas) ao norte da capital Bagdá, durante confrontos com Estado Islâmico (IS) militantes em 9 de agosto de 2014 (AFP Photo / Safin Hamed)

Bombardeio de capangas do Califa de Obama não tem absolutamente nada a ver com o embaixador dos EUA em muito amado R2P do Samantha Power ONU ( "responsabilidade de proteger" ) doutrina - como na responsabilidade de proteger até 150 mil yazidis, para não mencionar os curdos e cristãos remanescentes, a partir de um "potencial" genocídio realizado por capangas do Califa.
Os aviões de combate integral + drones bombardeio exercício, com duração de meses ' , tem a ver com a síndrome de Benghazi.
Capangas do califa foram determinado a conquistar Irbil - capital do Curdistão iraquiano. O Governo Regional do Curdistão (KRG) é liderada pelo astuto Massoud Barzani - um antigo cliente dos EUA / vassalo.
Os EUA mantêm um consulado em Erbil. Repleta de tipos da CIA. Ou, como o New York Times tão amorosamente coloca , "milhares de americanos".
Digite Benghazi. Este é um ano eleitoral. Obama é absolutamente aterrorizado com outro Benghazi - que os republicanos têm tentado sem parar a culpa na incompetência de sua administração. A última coisa que Obama precisa é de capangas da Califa matar diplomatas ' em Erbil.
Isso, certamente, levantar um tsunami de perguntas mais uma vez sobre a sombra CIA de contrabando de armas raquete - como em armar sírios "rebeldes" com armas da Líbia - na época Benghazi ocorreu.Como secretário de Estado, Hillary Clinton, é claro, também sabia de tudo. Mas então, e especialmente agora, ninguém deve saber que a CIA estava weaponizing a maior parte das futuras forças do Califa.

A mudança de regime ou busto

Obama disse nesta aventura bombardeio humanitário poderia durar "meses", mas na verdade ele pode durar apenas alguns dias.
O preço é barato: mudança de regime. Como no antigo primeiro-ministro iraquiano Nouri al-Maliki impedido de ter um terceiro mandato.
Isso explica por que o mundo desabou em Bagdá, como parlamentares iraquianos viram claramente que lado o vento está soprando. Haider al-Abadi foi escolhido pelo novo presidente Fuad Masoum, um curdo, como o novo primeiro-ministro - horas depois de Maliki posicionado forças especiais em locais estratégicos e em torno da Zona Verde e pode (ou não) ter tentado dar um golpe. Maliki defende que Masoum violado a Constituição iraquiana, não seleccionando-o a formar um novo gabinete; afinal, seu Estado de Direito bloco tem a maioria dos votos nas eleições parlamentares de abril passado.
Fumaça sobe durante confrontos entre curdos "Peshmerga" tropas e militantes do Estado Islâmico, anteriormente conhecido como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL), na periferia de Sinjar, oeste de Mosul, (Reuters / Stringer)
Fumaça sobe durante confrontos entre curdos "Peshmerga" tropas e militantes do Estado Islâmico, anteriormente conhecido como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL), na periferia de Sinjar, oeste de Mosul, (Reuters / Stringer)

Obama, previsivelmente, era encantado . Mas tudo o que acontece a seguir, Maliki não vai ficar em silêncio - para dizer o mínimo. Mesmo quando a narrativa predominante entre os sunitas, um número substancial de curdos e até mesmo alguns blocos políticos xiitas é que Maliki antagonizou sunitas all-out; e isso é o que os levou a apoiar o Califa em massa (embora agora muitos estão pensando duas vezes.)
Quanto ao KRG e Barzani, no esquema administração Obama de coisas, o que importa é que eles não devem declarar a independência. Enquanto Barzani promete Obama que fica dentro do Curdistão do Iraque, a KRG vai ter mais bombas e drones eo "humanitária" operação vai acelerar. Forças Especiais dos EUA já estão implantadas em toda a área enorme onde o Califado faz fronteira com a KRG, na chamada deserto posições de operação para a frente. E os EUA para todos os efeitos práticos, é agora a força aérea iraquiana contra o califa.

Assista 'o Hillarator'

Esta administração Obama deformado R2P - proteção para os americanos em primeiro lugar, os refugiados segunda - vai conseguir nada por uma razão chave; nenhum atentado - "humanitária" ou de outra forma - extermina um movimento político / religioso, mesmo um tão demente como está. O Califado prospera, um pouco, e se expande, porque ao contrário de que patético Exército Sírio Livre (FSA) é ganhar território, deserto e urbano, tanto na Síria e no Iraque; uma área maior do que a Grã-Bretanha já, mantendo pelo menos 6 milhões de pessoas.
Quanto ao Washington mito muito propagado de 'bons' e 'maus' jihadistas, o Califado também explodiu ele. Praticamente todos os Washington jihadista - e Riad - em arma e treinados na Jordânia e na fronteira Turquia-Síria é agora entre os capangas do califa, chafurdando em dinheiro obtido com o contrabando de petróleo, chantagem hardcore e "doações" e transformado em arma para os dentes após saques quatro divisões iraquianas e uma brigada sírio.
Quanto ao presente GGT, que vai continuar a dar em uma explosão maior e maior por causa da narrativa sonho agora exibidos para cada jihadista multinacional aspirantes; agora estamos defendendo nossa Califado do poderoso Força Aérea Crusader, nem menos.
Os EUA perderam a guerra no Iraque, miseravelmente, apenas nove dias depois da queda de Bagdá, em abril de 2003 No "humanitária" bombardeio irá transformá-lo em uma vitória. E não "humanitária"bombardeio vai terminar o Califado off.
Quanto candidato presidencial prospectivo Hillary Clinton , ela está tomando nenhum prisioneiro. Ela insiste que os EUA deveriam ter bombardeado a Síria, em primeiro lugar; então não haveria Califado.Mas agora ela se preocupa califa vai atacar a Europa e mesmo os EUA ( "Estou pensando muito sobre contenção, dissuasão e derrota" ).
Previsivelmente posicionando-se, Clinton não podia deixar de descartar totalmente doutrina de política externa de Obama, também conhecido como 'Não fazer coisas estúpidas' : "'Não fazer coisas estúpidas" não é um princípio organizador. " Assim, o mundo vai ter que esperar até 2017 , quando ela está finalmente capaz de implementar a sua própria doutrina / princípio organizador: "Nós viemos, nós vimos, ele morreu."

Exercícios militares Russos perto das Kurilas inaceitáveis ​​- Japão PM : MAS ELES PODEM FAZER TUDO AS PORTAS DA RÚSSIA !?

O exercício é incluir elementos de defesa costeira com tecnologia de ponta veículos aéreos não tripulados de fabricação russa e uma operação de desembarque de Mi-8AMTSh em uma das ilhas
©  ITAR-TASS / Yuri Smityuk
TÓQUIO, 13 de agosto / ITAR-TASS /.Japão considera exercício militar da Rússia, que começou na terça-feira perto da Sul Kuriles inaceitável, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse nesta quarta-feira. Japão vai expressar um forte protesto, acrescentou.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês disse na quarta-feira que estava coletando informações sobre os treinamentos. Manobras unilaterais são realizadas no território que o Japão considera sua parte integrante, disse o ministério.
A embaixada russa em Tóquio ainda não confirmou que recebeu todas as notas de protesto.
Mais de 1.000 militares e cerca de uma centena de peças de combate e equipamentos especiais, incluindo cinco helicópteros Mi-8AMTSh, participam no exercício planeado nas ilhas de Kunashir e Iturup, assessoria de imprensa do Distrito Militar do Leste, disse na terça-feira.
O exercício é incluir elementos de defesa costeira com tecnologia de ponta veículos aéreos não tripulados de fabricação russa e uma operação de desembarque de Mi-8AMTSh em uma das ilhas, disse a assessoria de imprensa.