sábado, 17 de fevereiro de 2024

Quem foi Alexey Navalny?

 


Enquanto a mídia ocidental se debulha em lágrimas, redigindo hagiografias para canonizar Navalny e, provavelmente, já preparando o caminho para um Nobel da Paz póstumo, devemos prestar um pouco mais de atenção nesse personagem para entender quem ele foi. Propedeuticamente, aliás, chamo a atenção para o contraste da cobertura da morte de Navalny em comparação com a cobertura da morte do jornalista chileno-estadunidense Gonzalo Lira, morto há algumas semanas. Lira recebeu zero cobertura no Ocidente, enquanto Navalny já rivaliza em termos de cobertura com a falecida Rainha da Inglaterra Isabel II. De início, já adianto que não sei a causa da morte de Navalny. Não sou perito médico. Nenhum de nós sabe. As prisões russas não são para qualquer um e é muito fácil se abater ao ponto do adoecimento por lá. Não vejo lógica na narrativa de um assassinato ordenado por Putin, porque o Presidente da Rússia nada tem a ganhar com essa morte. Ela não lhe dá qualquer vantagem. Navalny, enquanto figura pública, já estava esmagado, destruído, sua popularidade reduzida a uma minúscula fração de seguidores alienados. Se formos guiados pela pergunta "cui bono?", mais fácil apontar para o Ocidente do que para a Rússia; não obstante, a hipótese mais provável segue sendo a de morte por alguma doença contraída na prisão. Navalny se tornou famoso como ativista pela democracia e pelos direitos humanos, mas a sua história é mais complexa. Sua carreira mais recente é conhecida, e já bastante gente expôs o período neonazista de Navalny, mas ninguém comenta do que veio antes. Curiosamente, Navalny começa a sua carreira no social-liberalismo esquerdista, ou seja, no Yabloko (na prática, o PSOL russo), um partido progressista, pacifista e feminista, no qual ele militou e ajudou a liderar de 2000 até 2007. Imediatamente em seguida, de forma surpreendente, Navalny aparece na fundação do Movimento de Libertação Nacional Russa, uma coalizão de liberais, anarquistas, comunistas, nazbols e neonazistas, unidos pela oposição a Putin. Nesse partido, Navalny tentou costurar alianças com o Movimento Contra a Imigração Ilegal e o Grande Rússia, ficando nele de 2007 a 2010. É nesse período que Navalny vai parar em Yale, com uma bolsa de estudos, e quando ele retorna a sua carreira política começa a ter um grande impulso midiático. Assim que retorna à Rússia, Navalny se faz presente em todas as marchas e manifestações anti-Putin, das liberais a neonazistas. Preso após os protestos anti-Putin de 2011, Navalny caiu sob os holofotes de organismos como a Anistia Internacional e diversas ONGs, que entoavam loas à sua "luta contra o autoritarismo e a corrupção", pintando-o em tons róseos como um herói. Ele sai da prisão ideologicamente transformando (de novo!), agora seguindo o "populismo liberal de centro" na linha da e-democracy, anticorrupção, crítica do "autoritarismo", etc., fundando o partido Rússia do Futuro. Finalmente parece que Navalny havia encontrado a narrativa certa para se projetar. E foi o que aconteceu. O périplo vertiginoso, passando por todos os setores do antiputinismo, oferece duas possibilidades: ou Navalny era simplesmente um oportunista tentando encontrar o lugar certo pra se destacar ou ele era agente de desestabilização e cooptação, tentando rasgar o tecido social russo sob ordens de alguma agência de inteligência. Ou a verdade é uma mistura das duas coisas. Bem, no início pode ter sido o primeiro caso, mas em 2010 um associado próximo de Navalny foi filmado se encontrando com um espião britânico para pedir dinheiro. Desde então, todas as atividades de Navalny com ONGs, encontros com lideranças atlantistas, liderança em tentativas de desestabilização via protestos, apontam para um trabalho consistente de Navalny como operativo da inteligência atlantista. Desde então, ele tornou-se o "russo favorito" de todos os atlantistas, elogiado em todas as ONGs e fundações ocidentais, e tratado com o título absurdo de "principal opositor de Putin". Quando se recebe apenas 2% dos votos em uma eleição dificilmente se pode considerar que alguém é o principal opositor do presidente em exercício. Ademais, ele está sendo tratado pela mídia ocidental como prisioneiro político, quando ele definitivamente não o era. Navalny tinha condenações por fraude, peculato, incitação ao crime, e de uma série de outras acusações ligadas a tentativas de desestabilização da Rússia. É curioso que o cara famoso como "ativista anticorrupção" era, na verdade, corrupto. Na prática, Navalny era um agente teleguiado pelos EUA com o objetivo de desestabilizar e fragmentar a Rússia. Provavelmente ele começou apenas como um jovem que queriam fazer carreira e aparecer a qualquer custo. Mas escolhas erradas o levaram a esse triste fim.

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