Segundo Yuri Ushakov, conselheiro internacional do Kremlin, que falou no domingo, a Ucrânia jamais conseguirá recuperar a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, nem se tornar membro da OTAN.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky “não conseguirá nada disso. Quanto à Crimeia, isso está completamente fora de questão, um milhão por cento”, disse ele à televisão estatal russa.
Em relação à OTAN, Ushakov acrescentou: "Acredito com absoluta certeza que ela não terá sucesso". Embora a Rússia considere inaceitável a entrada de seu vizinho na Aliança Atlântica, Zelensky propõe, pelo menos, deixar a porta aberta para futuras adesões, uma proposta à qual a Casa Branca se opõe.
Ushakov também rejeitou antecipadamente as modificações que ucranianos e europeus introduziram ao plano de paz original apresentado pelos Estados Unidos.
“Se as modificações correspondentes forem feitas, teremos objeções muito fortes”, disse ele, lembrando que Moscou “deixou sua posição muito clara” na última reunião com os enviados da Casa Branca: Steve Witkoff e Yared Kushner.
“A contribuição de ucranianos e europeus para esses documentos dificilmente será construtiva. Esse é o problema”, apontou. Ele acrescentou que essas objeções podem se referir “a muitos pontos”. “Haverá cláusulas que são absolutamente inaceitáveis para nós, inclusive sobre a questão territorial”, explicou.
“A questão territorial tem sido ativamente debatida em Moscou. E os americanos não só sabem, como entendem nossa posição. Não sei o que resultará dessas consultas. Mas é improvável que seja algo bom”, disse ele.
Ushakov também rejeitou a ideia de que a Rússia e os Estados Unidos tivessem discutido uma solução nos moldes da coreana para o conflito na Ucrânia. "Nunca. Discutimos diferentes abordagens para uma solução duradoura, mas replicar o modelo coreano jamais foi sequer cogitado", afirmou.
Retirada de tropas em Donbas
Na sexta-feira, Ushakov indicou sua disposição em aceitar a retirada das tropas russas e ucranianas de toda a região de Donbas, cuja segurança ficaria então sob a responsabilidade da Guarda Nacional Russa. "É bem possível que não haja tropas no local, nem russas nem ucranianas."
Sim, mas haverá uma Guarda Nacional, nossa polícia, tudo o que for necessário para garantir a ordem pública”, disse ele ao jornal Kommersant durante uma visita ao Turcomenistão.
No entanto, ele enfatizou que “só haverá cessar-fogo após a retirada das tropas ucranianas”. A desmilitarização de Donbas é uma das opções que os Estados Unidos estão considerando para convencer Kiev a renunciar aos 20% que ainda controla na região de Donetsk.
Conselheiros de política externa, incluindo representantes de Washington e Kiev, realizarão conversas neste fim de semana sobre um possível cessar-fogo na Ucrânia, de acordo com fontes na capital alemã que falaram à EFE.
O Wall Street Journal (WSJ) já havia noticiado que o enviado do presidente Donald Trump, Steve Witkoff, que está negociando um possível acordo de paz com a Ucrânia e a Rússia, estará em Berlim neste domingo e segunda-feira. Enquanto isso, o chanceler alemão Friedrich Merz convidou diversos chefes de Estado e de governo europeus, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e autoridades de instituições da UE e da OTAN para Berlim nesta segunda-feira.
Zelensky explicou que os Estados Unidos propõem, como solução de compromisso, a retirada das tropas ucranianas da parte do território que ainda controlam em Donetsk, enquanto as tropas russas supostamente não entrariam nessa “zona desmilitarizada” ou “zona econômica livre”.
EmNa tentativa de demonstrar que a Rússia não está vencendo a guerra, Zelensky apareceu esta semana nos arredores do reduto ucraniano de Kupiansk, na região de Kharkiv, que o presidente russo Vladimir Putin afirmou ter sido completamente tomada por suas tropas.
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