domingo, 18 de fevereiro de 2024

Quando eu digo que as decisões militares tomadas pela Ucrânia ao longo da operação militar especial russa são ruinosas para o futuro do país e para qualquer chance de sucesso nesse conflito não se trata de propaganda.

 


Quando eu digo que as decisões militares tomadas pela Ucrânia ao longo da operação militar especial russa são ruinosas para o futuro do país e para qualquer chance de sucesso nesse conflito não se trata de propaganda. Eu só estou dizendo o óbvio. É público e notório que a liderança política e oligárquica ucraniana pensa as ações militares não como ferramentas de vitória, mas como peças de propaganda em um jogo cuja finalidade é extrair recursos de seus apoiadores ocidentais - recursos que, em boa medida, tem sua destinação desviada para que esses bolsos oligárquicos sejam enchidos. E também porque Zelensky tem um pavor imenso do que lhe acontecerá após o conflito. Ele quer esticá-lo o máximo possível para se manter vivo, não porque ele acha que tem boas chances de conseguir uma vitória militar, ou mesmo de conseguir no campo de batalha feitos aptos a lhe colocar em uma posição de negociação favorável. Uma coisa que todo comandante sabe desde a Antiguidade é que seu principal ativo é humano. Vidas valem mais do que chão porque o chão sempre vai estar ali, enquanto homens levam anos até serem construídos e treinados para que possam ocupar o lugar de soldados caídos. Não por acaso, estrategistas tradicionais como Sun Tzu colocam em um plano ideal a capacidade de vencer batalhas sem realmente se engajar em confrontos militares, apenas por meio de manobras e pela ocupação de posições vantajosas, ou outros mecanismos aptos a demonstrar para o adversário a futilidade de continuação das hostilidades. Nada disso, claro, passa pela cabeça das elites ucranianas. E isso, em alguma medida, combina bem com o propósito estadunidense de tentar esgotar e desgastar ao máximo possível os fatores humanos, econômicos e morais dos russos, o que até agora tem fracassado. E isso porque apesar de alguns percalços e más decisões, os russos usam táticas de defesa móvel, reminiscente das táticas dos mongóis e de outros povos antigos das estepes, como os citas e os partas, o que maximiza o poder de fogo e minimiza as próprias baixas (ademais, a economia russa conhece um novo surto de industrialização e empreendedorismo com as sanções; enquanto no plano moral a realidade é que os russos funcionam bem sob pressão e cerco). Agora, considerando tudo que já foi destruído em termos de homens e equipamentos, no campo ucraniano, há muito tempo eu tenho dito algo que me parece óbvio: a única chance que a Ucrânia tem de minimizar as suas perdas daqui para a frente é dissolver suas Forças Armadas formais e passar para uma guerrilha ativa, com o fim de elevar os custos da ocupação militar até um patamar em que a permanência russa se torna impraticável. Guerrilhas, porém, não se prestam ao tipo de propaganda que o Zelensky quer travar, enquanto os EUA provavelmente consideram que os russos são muito experientes em contrainsurgência e não querem arriscar.

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