Quando eu digo que as decisões militares tomadas pela Ucrânia ao longo da operação militar especial russa são ruinosas para o futuro do país e para qualquer chance de sucesso nesse conflito não se trata de propaganda.
Eu só estou dizendo o óbvio.
É público e notório que a liderança política e oligárquica ucraniana pensa as ações militares não como ferramentas de vitória, mas como peças de propaganda em um jogo cuja finalidade é extrair recursos de seus apoiadores ocidentais - recursos que, em boa medida, tem sua destinação desviada para que esses bolsos oligárquicos sejam enchidos.
E também porque Zelensky tem um pavor imenso do que lhe acontecerá após o conflito. Ele quer esticá-lo o máximo possível para se manter vivo, não porque ele acha que tem boas chances de conseguir uma vitória militar, ou mesmo de conseguir no campo de batalha feitos aptos a lhe colocar em uma posição de negociação favorável.
Uma coisa que todo comandante sabe desde a Antiguidade é que seu principal ativo é humano. Vidas valem mais do que chão porque o chão sempre vai estar ali, enquanto homens levam anos até serem construídos e treinados para que possam ocupar o lugar de soldados caídos.
Não por acaso, estrategistas tradicionais como Sun Tzu colocam em um plano ideal a capacidade de vencer batalhas sem realmente se engajar em confrontos militares, apenas por meio de manobras e pela ocupação de posições vantajosas, ou outros mecanismos aptos a demonstrar para o adversário a futilidade de continuação das hostilidades.
Nada disso, claro, passa pela cabeça das elites ucranianas. E isso, em alguma medida, combina bem com o propósito estadunidense de tentar esgotar e desgastar ao máximo possível os fatores humanos, econômicos e morais dos russos, o que até agora tem fracassado.
E isso porque apesar de alguns percalços e más decisões, os russos usam táticas de defesa móvel, reminiscente das táticas dos mongóis e de outros povos antigos das estepes, como os citas e os partas, o que maximiza o poder de fogo e minimiza as próprias baixas (ademais, a economia russa conhece um novo surto de industrialização e empreendedorismo com as sanções; enquanto no plano moral a realidade é que os russos funcionam bem sob pressão e cerco).
Agora, considerando tudo que já foi destruído em termos de homens e equipamentos, no campo ucraniano, há muito tempo eu tenho dito algo que me parece óbvio: a única chance que a Ucrânia tem de minimizar as suas perdas daqui para a frente é dissolver suas Forças Armadas formais e passar para uma guerrilha ativa, com o fim de elevar os custos da ocupação militar até um patamar em que a permanência russa se torna impraticável.
Guerrilhas, porém, não se prestam ao tipo de propaganda que o Zelensky quer travar, enquanto os EUA provavelmente consideram que os russos são muito experientes em contrainsurgência e não querem arriscar.